Investimento de empresas bate recorde

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Levantamento mostra que, no primeiro trimestre, o investimento representou 8,3% do faturamento líquido de um grupo de 500 empresas

 

Puxado pelo setor de infraestrutura, o investimento das empresas brasileiras não só superou o ritmo do período anterior à crise como bateu o recorde de dez anos, quando se leva em conta o primeiro trimestre do ano.

 

Levantamento da empresa de dados financeiros Serasa Experian mostra que, no primeiro trimestre de 2010, o investimento representou 8,3% do faturamento líquido de um grupo de 500 empresas cujas demonstrações contábeis foram analisadas. Nos três primeiros meses de 2008, o número era menor, de 7,7%.

 

O aumento do investimento reflete o bom desempenho da economia, com crescimento de 9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009, e a confiança dos empresários na expansão do consumo.

 

"O que chamou nossa atenção foi que o indicador de 8,3% é quase o mesmo do ano passado como um todo (8,6%), e num período em que historicamente o investimento não é forte", diz o gerente de análise de Crédito da Serasa Experian, Marcio Torres. "A gente nunca teve um primeiro trimestre tão forte."

 

Pelo vigor dos números do trimestre, Torres já estima que o indicador de investimento de 2010 deve bater o recorde de 2008, na série histórica do estudo, iniciada em 2000. Apesar do agravamento da crise financeira mundial no último trimestre, o indicador atingiu 10,2% em 2008. O executivo pondera, no entanto, que o ciclo de alta dos juros iniciado pelo Banco Central pode reduzir um pouco as taxas de crescimento nos próximos meses.

 

No primeiro trimestre do ano, o destaque foi o setor de serviços, que inclui infraestrutura, e cujo indicador de investimento chegou a 12,6% do faturamento líquido. Em igual período de 2008, o indicador era de 10,8% e subira para 11,7% no ano passado. "A gente está falando de investimentos para resolver os grandes gargalos do País, que estão na infraestrutura, como saneamento, transportes e concessão de rodovias", cita o gerente da Serasa.

 

Queda na indústria. As empresas do comércio apresentaram recuperação nos níveis de investimento, de 1,9% em 2009 para 2,5% do faturamento agora. Somente a indústria mostrou ligeira queda, 6,3% para 6,2%. O setor foi o mais afetado pela crise financeira, que freou a demanda mundial e derrubou as exportações. No primeiro trimestre de 2008, o indicador de investimento da indústria era de 7,6%.

 

Os dados da Serasa são reforçados pelos números de desembolsos do BNDES. De janeiro a abril, o banco desembolsou R$ 35,606 bilhões para financiar investimentos, valor 39,4% superior ao de igual período de 2009.

 

As empresas de infraestrutura levaram R$ 14,1 bilhões, um aumento de 41,3% em relação ao primeiro trimestre de 2009. Na indústria, houve queda de 2,1%, para R$ 10,5 bilhões, enquanto o comercio e outros serviços cresceu 144%, para R$ 7,5 bilhões.

 

Entre as empresas de infraestrutura, o crescimento do desembolso foi maior para transporte rodoviário (115%), construção (53% ) e serviços de utilidade pública (160%).

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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