As empresas brasileiras com filiais ou matrizes no exterior elevaram as remessas de lucros e dividendos entre janeiro e maio deste ano em 40,28%, segundo dados do Banco Central. O dado que chama a atenção é o aumento na participação do setor de serviços, de 35,6% para 45,5%, e a diminuição da participação do setor industrial, de 61,8% para 52,1%. De acordo com Celso Grisi, diretor da Fractal, a inversão dos papéis ocorreu pela diminuição da capacidade das empresas brasileiras industriais em fornecer valores, uma vez que precisam investir nas fábricas e suprir a demanda interna.
"O setor de serviços teve um lucro maior nesses cinco primeiros meses do ano, por isso o percentual enviado às matrizes foi maior. Outro ponto a ser analisado é que o setor industrial necessitou de investimentos para atender à demanda interna do País, e não pôde continuar ajudando de forma ampla as matrizes com dificuldades no exterior", argumentou Grisi.
"As indústrias petroquímicas, por exemplo, vão seguir uma tendência de enviar menos recursos, por exemplo, uma vez que o consumo interno está crescendo muito e os investimentos nas novas descobertas exigem que os recursos façam face aos investimentos. Nesse mesmo caminho seguem as indústrias de alimentos, farmacêuticas e químicas", completou o diretor da Fractal.
Na opinião do professor do Centro de Estudos Calil e Calil, Mauro Calil, o aumento na participação do setor de serviço e a queda na porcentagem industrial nas remessas de lucros e dividendos ocorreu pela estabilidade do mercado brasileiro.
"Basicamente nosso mercado de serviços está estável e lá fora tem dificuldades. As matrizes fazem pressão por dinheiro. A tendência de crescimento na participação é mundial, não só no Brasil. Este é o setor que mais cresce e o que mais deve crescer nos próximos anos", declarou Calil.
"Serviços tem boas margens nas operações. O lucro é alto, e esta muito estimulado, enquanto indústria precisa de mais volume para ampliar o lucro", acrescentou Grisi.
Outro ponto abordado por Calil é o fato de algumas filiais brasileiras não terem mais capacidade para ajudar suas matrizes com valores de remessas.
"Temos de analisar caso a caso, vão existir matrizes que não precisam mais e filiais que não suportam mais enviar valores também. Mas podemos observar com atenção o subitem veículos automotores, reboques e carrocerias, este ainda é o líder no setor industrial, pois no Brasil vendemos muito e temos como ajudar. Já o subitem equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos não tem como ajudar, pois precisam atender a demanda interna, atualizar seus equipamentos, está na hora de investir", esclareceu Calil.
A diferença no item Agricultura, pecuária e extrativa mineral não apresentou grande diferença no percentual de remessas (2,6% para 2,4%), ao se manter na terceira posição. Contudo, apontou que a quantidade enviada teve um acréscimo de 172%, no mesmo período analisado.
Números
De acordo com os números do BC, o subitem telecomunicações foi um dos responsáveis por alavancar as remessas ao exterior por parte do setor de serviços. Ao passar de US$ 63 milhões entre janeiro e maio de 2009 para US$ 463 milhões em 2010.
"Telecomunicações e informática têm um volume grande de operações e margem grande de lucro. Todos necessitam de tecnologia atualmente, e este setor está se tornando viável para muitas pessoas", comenta Grisi.
"O motivo de telecomunicações ter alavancado os números de serviços é simples: na crise financeira os serviços secundários como telefonia são os primeiros a serem cortados, da mesma forma quando o crescimento é grande são os primeiros a serem ampliados. Desta maneira, podemos ver que as matrizes estão sofrendo com a crise financeira, com poucos clientes, e que no Brasil as empresas do setor estão crescendo, com muitos clientes, e precisam ajudar seus braços no exterior", frisou Calil.
No setor industrial, as remessas totalizaram US$ 2,924 bilhões em 2009 e US$ 3,988 bilhões em 2010. Um acréscimo de 36,4%.
As empresas brasileiras com filiais ou matriz no exterior elevaram as remessas de lucros e dividendos entre janeiro e maio deste ano em 40,28%, segundo dados do Banco Central. O dado que chama a atenção é o aumento da participação do setor de serviços, de 35,6% para 45,5%, e a diminuição da participação do setor industrial, de 61,8% para 52,1%.
No total, a indústria enviou US$ 3,988 bilhões ao exterior neste ano, enquanto o setor de serviços enviou US$ 3,478 bilhões, e as empresas de agronegócios, US$ 185 milhões.
De acordo com os números do BC, o subitem Telecomunicações foi um dos responsáveis por alavancar as remessas ao exterior por parte do setor de serviços, ao passar de US$ 63 milhões de janeiro a maio de 2009 para US$ 463 milhões em 2010. O setor financeiro lidera o volume de remessas ao exterior, com US$ 1,181 bilhão.
Veículo: DCI