BNDES terá fundo para a Argentina

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Fundo, em parceria com bancos argentinos,emprestará US$ 100 milhões para empresas

 

Brasil e Argentina anunciaram ontem a criação de um fundo de US$ 100 milhões para financiar empresas argentinas de ciência e tecnologia. Os recursos serão aportados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelos argentinos Banco de La Nación Argentina e Banco de Investimento e Comércio Exterior (Bice).

 

O fundo ainda não foi estruturado e, ao longo dos próximos dois meses, técnicos brasileiros e argentinos vão se reunir para definir juros e prazos para os financiamentos. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse que empresas brasileiras já têm acesso ao BNDES e não precisarão recorrer a esse fundo.

 

Não foi definido quanto cada banco contribuirá para o fundo. Também não está claro qual será o papel do BNDES, porque seus recursos não podem ser diretamente disponibilizados para empresas estrangeiras. Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o BNDES informou que "a discussão ainda está em nível técnico" e que, a princípio, os recursos estariam disponíveis para empresas brasileiras com interesses na Argentina.

 

De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o motivo da criação do fundo é a demora das operações do Banco do Sul, que teria o objetivo de financiar empresas no Mercosul. "O Banco do Sul, infelizmente, anda mais devagar do que gostaríamos", reconheceu Mantega.

 

O ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, afirmou que o "fundo vai dar mais experiência para os países avançarem na integração industrial". Uma fonte do governo brasileiro contou que os argentinos pediram um valor mais expressivo para o fundo, mas o Brasil preferiu "começar mais devagar".

 

O anúncio foi feito ontem após reunião ministerial em São Paulo. Do lado brasileiro, estavam Jorge e Mantega. Os representantes argentinos no encontro eram Boudou e a ministra da Indústria, Débora Giorgi.

 

O encontro ministerial foi realizado a pedido dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, que se encontraram no dia 28 de maio no Rio de Janeiro, para resolver os conflitos bilaterais.

 

Alimentos. Na coletiva de imprensa, os ministros brasileiros e argentinos minimizaram as notícias de que a Argentina restringiria a importação de alimentos brasileiros, porque a presidente Cristina já teria descartado qualquer medida na reunião com Lula. "Todos os problemas bilaterais não superam 6% de todo o nosso comércio", disse Boudou.

 

As empresas brasileiras, no entanto, reclamam que os importadores de alimentos cancelaram contratos com receio de represálias do secretário de Comércio Exterior, Guilhermo Moreno. Ele esteve ontem na reunião, mas praticamente não falou.

 

O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, entregou aos argentinos uma lista de reclamações das empresas brasileiras e apontou os diversos problemas do comércio bilateral. A ministra Debora Giorgi negou que as barreiras aos alimentos estejam em vigor. A avaliação do governo brasileiro hoje é que os problemas são pontuais.

 

Na reunião, Giorgi voltou a insistir que é preciso equilibrar a balança comercial e ressaltou que a Argentina acumula déficit com o Brasil de US$ 927 milhões de janeiro a maio. Ela afirmou que está muito preocupada com o déficit do setor automotivo e pediu investimentos.

 

Miguel Jorge argumentou que o Brasil está eliminando o redutor de 40% da tarifa de importação de autopeças, o que vai favorecer os produtos feitos na região. A próxima reunião ministerial entre Brasil e Argentina deve ocorrer no dia 8 de julho.

 

Principais temas da reunião

 

Tecnologia
Brasil e Argentina anunciaram ontem um fundo de US$ 100 milhões para empresas argentinas de tecnologia. Os aportes serão do BNDES e do Banco de La Nación Argentina. Mas não ficou claro o papel do BNDES.

 

Alimentos
Os brasileiros entregaram uma lista de reclamações das empresas produtoras de alimentos, mas os argentinos negaram qualquer barreira contra a importação. A avaliação do governo brasileiro é que os problemas são pontuais.

 

Automóveis
As autoridades argentinas reclamam do déficit comercial com o Brasil, principalmente no setor automotivo. O governo brasileiro afirmou que elevou a tarifa de importação de autopeças, o que vai favorecer os produtos oriundos do Mercosul.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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