Copa do Mundo de 2014 vai gerar R$ 142 bi para o Brasil

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Dentro da "atmosfera de Copa do Mundo", a Ernst & Young, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgou ontem estudo que aponta que a Copa no Brasil daqui a quatro anos deverá gerar, entre 2010 e 2014, R$ 142,39 bilhões em investimentos diretos e indiretos para a economia brasileira, o que poderá atingir 55 atividades econômicas do País. "O campeonato terá um efeito multiplicador capaz de quintuplicar os investimentos diretos realizados para viabilizar o evento", afirma o sócio da assessoria de risco da empresa de consultoria e auditoria, José Carlos Pinto.

 

O estudo intitulado "Brasil Sustentável - Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo 2014" analisou, além dos 55 setores, 110 categorias de produtos e 10 perfis de renda/consumo da população. A pesquisa indica que o investimento direto (de 2010 a 2014) será da ordem de R$ 22,46 bilhões visando garantir infraestrutura e organização da competição (afetando diretamente 24 setores), mas deverá acarretar, indiretamente, R$ 112,79 bilhões adicionais. Devem ser gerados 3,63 milhões de empregos por ano e R$ 63,48 bilhões de renda para a população, impactando o mercado de consumo interno.

 

O campeonato futebolístico deve adicionar aos cofres públicos, em arrecadação de impostos, o valor de R$ 18,13 bilhões. Desta forma, o estudo estima que o impacto direto sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, entre 2010 e 2014, será de R$ 64,5 bilhões - o que corresponde a 2,17% do total estimado do PIB deste ano (R$ 2,9 trilhões).

 

"Os efeitos positivos serão sentidos em todo o Brasil", diz o representante da Ernst & Young. Segundo ele, os investimentos serão maiores nas cidades-sede, mas, indiretamente, vários municípios apresentarão reflexos. Do total de investimentos para as cidades-sede (R$ 14,542 bilhões), Rio de Janeiro deverá receber o maior aporte, com o montante de R$ 1,973 bilhão, o que deve gerar um impacto direto sobre o PIB do município no valor de R$ 987,4 milhões. Natal segue em segundo lugar, com investimentos de R$ 1,499 bilhão, cujo impacto no PIB da cidade será de R$ 758,6 milhões. São Paulo deve receber R$ 1,455 bilhão, impactando em R$ 723,3 milhões o PIB paulistano.

 

Questionado sobre o fato de São Paulo ter de construir um estádio, já que sua indicação (estádio Cícero Pompeu de Toledo - Morumbi) não foi escolhida para sediar a Copa, além das chances de redução no número de cidades que receberão jogos, o coordenador de projeto da FGV, Fernando Blumenshein, disse que o estudo considera os elementos disponíveis pelo IBGE e, foi concluído anteriormente ao anúncio sobre o estádio do Morumbi.

 

Os setores mais beneficiados pela Copa do Mundo no Brasil, segundo a pesquisa, serão os de construção civil, alimentos e bebidas, serviços prestados às empresas, serviços de utilidade pública (eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana) e serviços de informação. No total, essas áreas deverão ter incremento da produção de R$ 50,18 bilhões.

 

O estudo mostra também que o evento vai gerar um impulso significativo sobre milhares de micro, pequenas, médias e grandes empresas de 11 setores (industrial, comercial e serviços). O impacto será de R$ 3 bilhões.

 

Desafios

 

Do total de R$ 29,6 bilhões que correspondem aos gastos estimados relacionados à Copa (incluindo despesas de visitantes), R$ 12,5 bilhões terão como origem o setor público (42%) e R$ 17,16% bilhões serão provenientes do setor privado (58%). Desta forma, os organizadores do estudo destacam para a importância de equacionar os gargalos, assim como, aproveitar o legado de que um evento como a Copa do Mundo pode trazer para o País.

 

Exemplo de desafio é a limitação existente nos aeroportos do País. O estudo indica que o número de visitantes internacionais para o Brasil pode crescer 79% até a Copa (2,98 milhões de pessoas), podendo ter impacto superior nos anos seguintes. "Por isso, é necessário criar políticas públicas, como plano diretor ou Comitês focados no evento, e interligar as criações entre as cidades-sede", aconselha José Carlos Pinto.

 

Segundo o estudo, até 2014, as 12 cidades-sede têm necessidades que precisam ser atendidas com relação à energia, transporte, infraestrutura de eventos, sistema hoteleiro, segurança, planejamento urbano e serviços auxiliares. "Grande parte dos investimentos são públicos, por isso a necessidade de uma atuação pública transparente e eficiente, para não acarretar em uma Copa onerosa ou até mesmo gerar uma pressão inflacionária no País", ressalta Blumenshein.

 


Veículo: DCI


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