A queda nos preços dos alimentos levou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a registrar deflação pela primeira vez em quase quatro anos. Na terceira quadrissemana de junho, o índice recuou para uma variação de negativa de 0,08%, contra 0,03% na segunda quadrissemana. O IPC havia registrado inflação de 0,35% na terceira quadrissemana de maio.
O indicador não apresentava deflação desde a primeira quadrissemana de julho de 2006, quando recuou 0,19%.
Na comparação entre a segunda e a terceira quadrissemana de junho, houve desaceleração ou queda de preços em quatro dos sete grupos pesquisados, com destaque para o grupo alimentação, que passou de uma deflação de 0,83% na pesquisa anterior para uma variação negativa de 1,21% na terceira quadrissemana. A inflação diminuiu nos grupos habitação (de 0,25% para 0,17%), saúde (0,94% para 0,69%) e vestuário (de 0,73% para 0,54%). No grupo educação, a variação foi a mesma do levantamento anterior (0,05%). Os preços avançaram apenas nos grupos transportes (de deflação de 0,18% para recuo de 0,12%) e despesas pessoais (de 0,50% para 0,67%).
O coordenador do IPC-Fipe, Antonio Evaldo Comune, revisou a projeção para o índice em junho, de alta de 0,15% para deflação de 0,03%. Segundo ele, a principal causa dessa redução é o comportamento do grupo alimentação que, na terceira prévia deste mês, registrou queda de 1,21%. "Da mesma maneira que tivemos preços muitos altos de alimentação no início do ano, agora estamos vendo preços muito baixos", disse Comune, acrescentando que "a safra está muito boa, favorecida por fatores climáticos". "Se o clima continuar bom assim, os preços seguirão baixos, ou até negativos."
Comune manteve sua estimativa de taxa de 5,20% para o IPC em 2010. "Fica parecendo voluntariedade demais anunciar na terceira quadrissemana [de junho] uma previsão anual. Na semana que vem, falaremos mais sobre o ano", disse.
A Fipe divulga na sexta-feira da próxima semana, o dado fechado de junho do IPC.
Veículo: DCI