Inflação cai a zero com ajuda da Copa

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Índice oficial desacelera ao menor nível desde junho de 2006, época da Copa anterior

 

A Copa do Mundo ajudou a segurar os preços no Brasil, segundo o IBGE. A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou em junho variação zero (0,0%), o menor índice mensal desde junho de 2006 (-0,21%), época da Copa anterior.

 

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, credita à Copa a principal contribuição para a desaceleração do índice em relação a maio, quando foi de 0,43%.

 

O índice de junho veio abaixo do esperado por analistas econômicos que, segundo levantamento realizado pela Agência Estado, previam em média 0,11%. Eulina mostrou uma série histórica que comprova que, desde o Plano Real, a inflação cai nos meses de Copa ou naqueles que imediatamente o antecedem.

 

"Em período de Copa, os brasileiros deslocam o consumo para produtos que têm relação com o evento, como camisas temáticas e vuvuzelas. Parte do orçamento e das atenções se voltam para esses produtos, reduzindo a demanda por outros, como alimentos e automóveis, o que leva a promoções no comércio e À queda de preços." Eulina lembra que, por causa da Copa, houve vários "feriados" em junho, o que também ajudou a conter a demanda e os preços.

 

A série apresentada por Eulina mostra que, em 1998, a inflação de junho, de 0,02%, foi a menor no primeiro semestre, refletindo a realização da Copa. Já em 2002, quando a Copa começou mais cedo, em 31 de maio, a menor taxa do primeiro semestre foi em maio (0,21%). Em 2006, quando o evento voltou a ocorrer a partir de junho, houve deflação de 0,21% e este ano o fenômeno se repetiu, com 0%.

 

Com as mudanças nos hábitos de consumo e o fim dos problemas climáticos que afetaram os chamados produtos "in natura" nos primeiros meses do ano, os alimentos apresentaram deflação de 0,90% em junho, ante alta de 0,28% no mês anterior.

 

Do lado dos não alimentícios, as principais quedas foram nos preços do álcool (5,41%) e da gasolina (0,76%), além dos automóveis novos (0,37%) e usados (1,21%), no mesmo período.

 

Juros. Alguns analistas avaliam que a queda da inflação pode facilitar o trabalho do Banco Central e limitar o ciclo de alta de juros. Mas, em geral, os especialistas dizem que os números favoráveis da inflação de junho não devem interromper a trajetória de alta na taxa básica de juros (Selic) e deverá haver nova elevação na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), nos dias 20 e 21 de julho

 

"O segundo trimestre de 2010, tanto do ponto de vista de atividade como de inflação, tem mostrado comportamento atípico, que não deve ser tendência para o resto do ano", avalia Bernardo Wjuniski, da Tendências Consultoria. Para ele, a inflação deve voltar a subir no segundo semestre, com novo reaquecimento da atividade econômica.

 

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, também afastou a hipótese de o resultado do IPCA reduzir sua previsão para o ciclo total de alta de juros que está sendo adotado pelo Banco Central desde abril. "O ciclo de ajuste, por enquanto, não muda."

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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