Primeira prévia do IGP-M da Fundação Getúlio Vargas indica alívio nos preços tanto no atacado quanto no varejo
A queda nos preços de produtos como minério de ferro e alimentos no atacado provocou uma forte desaceleração no Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) na primeira prévia de julho, quando a taxa foi de 0,14%, ante 2,12% em igual período do mês passado.
O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse que os dados confirmam o arrefecimento das pressões inflacionários neste início do segundo semestre.
"Estamos entrando no segundo semestre com um certo alívio na inflação, tanto nos produtos voltados para o consumidor final quanto em itens no atacado relacionados ao aquecimento econômico", observou. Ele ressalva, porém, que a desaceleração nos índices de inflação "não significa que não haja novas pressões no futuro".
Quadros considera a perda de ritmo nos reajustes dos bens intermediários (metalurgia, alimentos), que passaram de uma variação de 1,37% na primeira prévia de junho para 0,18%, como a notícia mais importante trazida pelo índice. O IGP-M é muito usado para reajuste no preço do aluguel. Até a primeira prévia de julho, o índice acumula aumentos de 5,84% no ano, e de 5,78% em 12 meses.
O coordenador argumenta que o menor patamar de reajustes nesse grupo de produtos pode estar refletindo os efeitos da desconfiança em relação ao cenário econômico internacional nos preços formados em âmbito mundial, com possível redução da demanda. "Essa é a principal novidade, o relaxamento da pressão sobre esse grupo de produtos, que foi forte no primeiro semestre", disse.
Ele acrescentou que "a redução nos reajustes dos intermediários atenua um pouco as perspectivas de repasse". Também nesse caso, porém, Quadros faz a ressalva de que os resultados comportados da primeira prévia de junho não garantem um segundo semestre de tranquilidade.
O que está certo, porém, segundo Quadros, é que os índices de inflação apurados pela FGV deverão registrar, no fechamento de julho, resultados inferiores aos apurados no mês passado.
Minério. Ainda de acordo com Quadros, os dados da primeira prévia do IGP-M de julho "reforçam a ideia de que o ciclo da alta do minério de ferro já foi completamente captado". O índice mostrou que os preços do minério de ferro caíram 0,63%, ante uma alta de 75,25% na primeira prévia de junho. A forte desaceleração nesse item de um mês para o outro deu a maior contribuição para a também significativa perda de ritmo no Índice de Preço do Atacado (IPA) entre a primeira prévia de junho (3,14%) e a primeira prévia de julho (0,19%).
Construção. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou, no primeiro decêndio de julho do IGP-M, taxa de 0,89%, apurou a FGV. O resultado mostra uma desaceleração da alta em relação ao primeiro decêndio de junho, quando o INCC ficou em 2,18%. Segundo a FGV, a parcela relativa a material de construção, equipamentos e serviços subiu 0,61% no primeiro decêndio de julho, ante alta de 0,89% no mesmo período do mês anterior. O período de coleta de preços para cálculo da primeira prévia do IGP-M de julho foi de 21 a 30 de junho.
Veículo: O Estado de S.Paulo