Brasil e Argentina: vendas sem dólar

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Comércio opcional sem o uso da moeda americana começa na segunda-feira.

 

Brasil e Argentina começarão na segunda-feira o comércio bilateral sem o uso dos dólares, o denominado "Sistema de Pagamentos em Moeda Local" (SML), ou, o denominado "comércio desdolarizado". Desta forma, o comércio entre empresários de ambos países poderá ser realizado em pesos e reais, deixando de lado a moeda americana, usada há décadas nas operações de exportações e importações.

 

O lançamento oficial do SML foi feito omtem à noite, no Banco Central argentino, pela presidente Cristina Kirchner e pelos presidentes dos Bancos Centrais dos dois países, Henrique Meirelles, do Brasil, e Martín Redrado, da Argentina.

 

A idéia é um velho projeto na região. Mas, somente ao longo do último ano as equipes econômicas dos dois países - e os integrantes dos Bancos Centrais - começaram a detalhar o esquema. Em 7 de setembro, durante a visita da presidente Cristina Kirchner a Brasília, foi assinado um acordo que marcou o lançamento do SML para 6 de outubro. O SML - que será voluntário - será regido pela taxa cambial de referência do Brasil e da Argentina, a ser fixada diariamente, e não pelo câmbio do mercado.

 

Além disso, o sistema elimina as comissões que os bancos nos EUA cobravam para realizar as operações entre o Brasil e a Argentina. Desta forma, permitirá uma grande redução dos custos para as operações comerciais, principalmente para as pequenas e médias empresas.

 

Segundo as autoridades argentinas, o sistema consiste na realização diária de um clearing entre os dois BCs, junto com uma compensação monetária que terá um custo menor do que tem passar de pesos a dólares e dali para reais (e vice-versa).

 

O Banco de la Provincia de Buenos Aires, o segundo maior banco público do país, anunciou que já está pronto para operar com o SML. Entre as outras entidades bancárias que já comunicaram que poderão realizar o novo sistema de operações estão o ABN Amro, o Banco de la Nación Argentina, o Banco Ciudad de Buenos Aires, o Macro, Santander, Banco Hipotecário, Banco de Córdoba, Itaú, Credicoop, Credinstalt, Banco del Buen Ayre, BNP Paribas, Bradesco e Banco do Brasil.

 

A implantação do sistema será acompanhado, nos próximos dias, em diversas cidades do interior do país, de seminários para explicar aos exportadores e importadores o novo sistema de comércio desdolarizado.

 

Transcedental - O subsecretário de Integração e Mercosul, Eduardo Sigal, definiu a implantação da desdolarização do comércio bilateral como "um passo transcendental". Segundo ele, "esse sistema possibilitará economizar recursos que até agora eram gastos em transações bancárias". Sigal destacou que na etapa inicial o sistema será usado no comércio brasileiro-argentino, que representa 90% das operações comerciais dentro do Mercosul. Posteriormente, poderá ser usado pelos outros países que integram o bloco: Uruguai e Paraguai.

 

A idéia, indicaram fontes do governo, é que a desdolarização do comércio seja o pontapé inicial para a integração monetária do bloco do Cone Sul, fato que levaria à criação de uma moeda única do Mercosul. (AE)

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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