Mercado reduz projeção da taxa básica Selic para 11,75%

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O mercado reduziu sua projeção para a taxa básica de juros (Selic) de 12% ao ano para 11,75%, logo após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 10,75%. Para especialistas, os números mais fracos da economia anunciados neste mês influenciaram na mudança das expectativas dos agentes.

 

Por outro lado, segundo o relatório Focus, divulgado ontem pelo BC, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 se manteve a mesma de três semanas, ou seja, crescimento de 7,20%. O processo de expansão seria reduzido e fecharia 2011 a 4,5% (mesmo patamar há 33 semanas). Desta forma, conforme a mediana exposta no documento, a Selic permaneceria ao patamar de 11,75% durante 2011.

 

O vice-presidente de Finanças da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) Roberto Vertamatti explica que o mercado passou a entender que a inflação está voltando a níveis aceitáveis e que a taxa Selic não deve mesmo chegar a 12% em dezembro . "Esta é também a minha opinião. Acredito que deve ocorrer mais duas elevações de 50 pontos-base da taxa básica este ano", diz. Vertamatti contesta, porém, a projeção para o PIB deste ano. "Não acredito que deve alcançar 7,20%, a economia deve subir entre 6% a 6,5%".

 

O economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, afirma que ainda há sinais de divisão das expectativas dos demais participantes do mercado. "Uma parte acredita que o novo ajuste em setembro deve ser 0,50 ponto percentual, outro grupo prevê em aumento de 0,25 ponto percentual e há aqueles que projetam até mesmo a interrupção do ciclo no patamar atual", diz. Segundo ele, a divulgação da ata na próxima quinta-feira e a evolução dos indicadores poderá formar um consenso das opiniões.

 

"Apostamos que o derradeiro deste ciclo se daria com ajuste de 0,50 ponto percentual em setembro, ao deixar a Selic em 11,25% ao ano", diz o especialista. A mediana do mercado registrada pelo Focus é de que ocorra uma alta de 0,75 ponto percentual em setembro e mais uma de 0,25 ponto percentual em outubro.

 

De acordo com o relatório da autoridade monetária, os consultados revisaram para baixo, pela terceira vez, a previsão para inflação, ao passar de 5,42% para 5,35%. Para 2011, o mercado prevê fechamento do IPCA a 4,8%, há 15 semanas. Queda na perspectiva também foi registrada com relação ao IGP-DI deste ano (de 8,58% para 8,36%) e com o IGP-M (de 8,79% para 8,57%). Para o próximo ano, os especialistas esperam o primeiro índice de preços encerrar em 5% (mesma previsão há 12 semanas) e o segundo também a 5%, ante 5,04% verificado no último Focus. O único que apresentou alta nos prognósticos foi o IPC-Fipe, o qual passou de 5,12% para 5,15% este ano e de 4,50% para 4,53% em 2011.

 

Para Vertamatti, a inflação deve alcançar 5% neste ano, "ainda acima do centro da meta (4,5%)". Ele não acredita que a meta seja atingida. "Historicamente, o segundo semestre apresenta crescimento do consumo e por isso a tendência é que o patamar de 5% possa ser considerado", diz.

 

Outro ponto de atenção para este ano é com relação à produção industrial. O mercado aguarda crescimento de 12,10% em 2010, ligeira queda ante o registrado no último Focus (12,12%). Já em 2011, os consultados mantêm suas previsões há 21 semanas em 5% de crescimento.

 

A expectativa para os preços administrados passou de 3,50% para 3,56% este ano e permaneceu a 4,76% para 2011, conforme observado no relatório passado.

 

Mais dados

 

A perspectiva, segundo o Focus, é de que o câmbio feche a US$ 1,80 neste ano (há 18 semanas) e a US$ 1,85 em 2011 (há duas semanas). Sobre a dívida líquida do setor público, estima-se que deve encerrar a 40,90% do PIB em 2010, ante 41% do PIB previsto na semana passada. Para este ano, espera-se que o endividamento chegue a 39,50%, queda na estimativa anteriormente divulgada (39,70%).

 

Com relação ao setor externo, o prognóstico da conta corrente passou de recuo de US$ 47,46 bilhões para retração de US$ 48 bilhões em 2010. Sobre a balança comercial, o mercado aguarda fechamento de US$ 15,41 bilhões, ante US$ 16 bilhões previstos anteriormente para este ano. Da mesma forma, foi verificada queda na perspectiva para os investimentos estrangeiros diretos neste ano (de US$ 34,30 bilhões para US$ 33,65%), mas foi mantida (de 26 semanas) a estimativa para 2011 (US$ 40 bilhões).

 


Veículo: DCI


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