Classes C e D compram mais e buscam qualidade e bom preço

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As redes de supermercados apostam no aumento do poder de compra das classes “C e D” para expandir os negócios.

 

O empresário José Dantas fabrica suplementos para esportistas e produtos como capuccino, achocolatados, curau e sopas. Ele aposta na grande massa de consumidores brasileiros para aumentar os negócios.

 

“Eu acredito que a classe C e D ainda vão prevalecer e é um grande consumo dessa classe e é nosso intuito fazer produto voltado para ela”, comenta José Dantas.
Hoje, na linha de alimentos, 40% dos produtos da fábrica são direcionados para o consumo popular.

 

“O consumo da classe C e D aumentou muito, no que diz respeito a produtos que antes eles não consumiam, tipo cappuccino, por exemplo, que era uma classe A, B que consumia. E hoje eles querem o quê? Esse mesmo produto, com a qualidade que a classe A, B consomem com o preço compatível com o deles e a qualidade acima de tudo”, destaca o diretor de marketing Alexandre Nasser.

 

Na fábrica, os produtos de marca própria se destacam. São aqueles encomendados com a marca de clientes, como redes de supermercados e distribuidores. Um sistema que oferece margem de lucro pequena para o fabricante, porém com baixíssimo risco.
“A marca própria é menos risco porque o nosso cliente nos fornece, na maioria dos casos, eu diria até 100%, as embalagens e as matérias-primas. Alguns clientes fornecem parte da matéria prima e o resto a gente fornece, então o risco pra nós é zero”, José Viotto, consultor da fábrica.

 

A primeira estratégia para baixar custos é eliminar perdas. Na fábrica, a maior parte da matéria prima é feita de pó de cacau, leite e açúcar. Mas, trabalhar com pó exige cuidado. Ele se perde por tubulações, dispersa no ar e gera desperdícios invisíveis, mas importantes. Para controlar o gasto, a empresa encurtou o processo produtivo. Agora, a matéria-prima percorre apenas sete metros de extensão, da mistura até o envase final.

 

“Você vai acumulando esse pozinho que fica, esse que sai, que fica no caninho da máquina, enfim chega no final do ano, você vai ver quanto você comprou e quanto você conseguiu produzir, né? A gente conseguiu reduzir nosso desvio padrão, nossa perda da fábrica, em 12 toneladas por ano, mais ou menos”, conta Alexandre Nasser. “É uma economia considerável!”, completa.

 

E a empresa também descobriu o valor de certas matérias primas, nem sempre percebido pelos concorrentes.

 

Alguns grãos são chamados: “fora de especificação”. São produtos partidos, manchados, que a indústria rejeita. Mas é a mesma matéria-prima dos grãos inteiros, só que 30% mais barata. E como tudo vai ser moído, pra virar sopas e curaus, a única diferença que o consumidor sente está no bolso.

 

São grãos de vários tipos, como milho, ervilha e arroz. Eles são misturados, aquecidos e expandidos por um processo chamado extrusão, que descontamina o produto. Depois, tudo é moído de novo. Com o tempero, a mistura se transforma em uma sopa em pó, vendida R$1 o saquinho. Hoje a empresa produz 13 toneladas de sopa por mês. E a previsão é ir bem além.

 

“É um produto de qualidade classe A, para um público C e D. Nosso objetivo é exportação para países em desenvolvimento, principalmente, África e Oriente Médio”, comenta José Dantas.

 

Para fabricar alimentos em pó, é preciso comprar equipamentos como extrusora, misturadora e embaladora. O empresário calcula um investimento de R$ 1 milhão.
Além de preço e qualidade, o processo de produção conquista o consumidor com outras vantagens. Hoje a empresa faz mais de 100 produtos de marca própria.
No caso do curau de milho, é só misturar com leite, aquecer, e em três minutos está pronto. É prático e ainda economiza gás na cozinha!

 

“Tudo hoje é economia, pelo fato de você ter economia em termo de cocção já ajuda muito no teu salariozinho, no dia a dia. Isso quem mora em fazenda, em interior e tem um poder aquisitivo baixo ele vai contar isso aí, ele vai contar centavo por centavo”, comenta José Dantas.

 

Os produtos com marca própria são vendidos para supermercados como este. As três maiores redes do país vão reservar um terço dos investimentos, nos próximos anos, para as classes C e D.

 

“Estes consumidores são atentos e exigentes”, garante o presidente da associação brasileira de supermercados, Sussumu Honda.

 

“Essa classe é uma classe que está entrando no consumo agora, então você tem necessidade de produtos, eu diria mais específicos. Mas não só produtos. Produtos voltados pra essa classe, tem que ter qualidade, mas tem que ter preço competitivo. E o varejo também tem que modelar suas lojas pra atender essa classe que não demanda tanta prestação de serviço, mas quer o atendimento como ocorre nas grandes lojas, nos grandes hipermercados”, comenta ele Sussumu.

 

Os produtos com marca própria são oferecidos em embalagens econômicas e há descontos para a compra em quantidade. E o supermercado atende ao desejo do consumidor: qualidade e preço.

 

“Eu procuro produtos bons e baratos. O carrinho está cheio. Peguei o que eu achei em conta hoje.” Cristina Magalhães, cliente.

 

“Não tenho problema com marca. O que está mais em conta, tem que defender um pouco o meu bolso, né?”, finaliza Inácia Torres, outra cliente.

 

Veículo: Pequenas Empresas & Grandes Negócios


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