Varejo tem o melhor resultado para agosto em 10 anos, diz IBGE

Leia em 3min

Bom desempenho foi puxado pelas atividades de supermercados e eletrodomésticos; renda em alta alavanca vendas

 

O comércio varejista registrou em agosto os melhores resultados para o mês apurados pelo IBGE em 10 anos. As vendas do setor aumentaram 2% na comparação com julho e subiram 10,4% se a base de comparação é o mesmo mês do ano passado, nas maiores variações para meses de agosto da série histórica da pesquisa, iniciada em 2001. O bom desempenho foi puxado pelas atividades de supermercados e eletrodomésticos.

 

Para o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, os bons resultados do varejo de agosto foram impulsionados pelo aumento da massa salarial e da oferta de crédito, além do barateamento de alguns produtos por causa do câmbio. "Há aumento da renda e do emprego, além de uma grande oferta de crédito. Todos esses fatores são muito importantes para o varejo", disse.

 

Estabilidade. Pereira destacou a estabilidade de preços e o papel da valorização do real em relação ao dólar na redução de preços em segmentos do varejo como supermercados, informática, celulares e eletrodomésticos. "O câmbio prejudica os exportadores, mas favorece o varejo, que pode fazer mais promoções", disse.

 

Ele exemplificou que duas atividades com peso importante na pesquisa - supermercados e eletrodomésticos - que puxaram o desempenho do varejo em agosto têm seus preços atrelados à cotação do dólar, por causa do volume de importações . As vendas varejistas do segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que têm maior peso (cerca de 30%) na pesquisa do IBGE, responderam sozinhas por 3,5 ponto porcentual, ou 34% da alta nas vendas varejistas em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado.

 

Alimentos. Esse segmento registrou alta nas vendas de 1,2% em agosto ante julho e elevação de 7,2% em relação há um ano. Pereira atribui o crescimento da categoria à queda nos preços dos alimentos ocorrida em agosto, inclusive pela maior oferta de importados nas gôndolas, e ao aumento na renda dos trabalhadores.

 

A segunda principal influência no aumento das vendas no varejo foi dada por móveis e eletrodomésticos (2,7 ponto porcentual). Essa atividade registrou aumento nas vendas de 2,9% em agosto ante julho e alta de 16,7% ante agosto de 2009.

 

De acordo com Pereira, esse segmento está sendo beneficiado pela disponibilidade de crédito e a queda de preços de vários itens de bens de consumo duráveis em agosto, inclusive por causa do câmbio.

 

O resultado de agosto levou o analista da Tendências Consultoria, Alexandre Andrade, a revisar a projeção para o resultado do varejo em 2010, de 10,3% para 11,4%. "Essa revisão ocorre em virtude da evolução recente dos principais condicionantes de demanda, como a massa salarial real e o crédito, que deverão manter tendência favorável nos próximos meses", justifica.

 

Melhoria. Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo, avalia que "a continuidade da expansão do varejo reflete a contínua melhoria das condições macroeconômicas do País, com maior volume de crédito; aumento da renda da população; e alta confiança do consumidor".

 

Para a economista-chefe da Icap Brasil, Inês Filipa, o bom desempenho do varejo já era esperado. "Temos renda e crédito em alta, além de grandes setores representantes dos trabalhadores que estão conquistando reajustes salariais. Esse comportamento do setor é mais do que esperado", argumentou.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Varejo bate recorde de vendas para um mês de agosto

O comércio varejista registrou o maior volume de vendas em um mês de agosto desde o início da s&eacu...

Veja mais
Câmbio e política monetária já estão no radar

Um vespeiro cambial e monetário aguarda o futuro presidente do Brasil. A torrente de dólares que já...

Veja mais
Importação sobe até 633% onde o ICMS foi reduzido

Nos Estados brasileiros que adotaram políticas tributárias de inventivo à importação,...

Veja mais
Região tem a maior inflação desde 2003

O consumidor do Grande ABC teve a maior inflação de setembro desde 2003. De acordo com o IPC-USCS/ABC (&Ia...

Veja mais
Confiança do consumidor aponta queda em São Paulo

A confiança do consumidor paulistano começa a arrefecer. Em outubro, o ICC (Índice de Confian&ccedi...

Veja mais
Governo estuda mais medidas para conter alta do real

Ministério da Fazenda pode endurecer condições para a entrada de capital estrangeiro no País...

Veja mais
Mantega diz que brasileiros têm potencial para contrair dívidas

Guido Mantega, ministro da Fazenda, afirmou ontem que a família brasileira tem "potencial para aumentar, com resp...

Veja mais
Alimentos pressionam aumento do custo de vida em setembro

O aumento no preço dos alimentos causado pela falta de chuvas pressionou a alta do ICV (Índice de Custo de...

Veja mais
Indústria eleva para 7,5% previsão de expansão do PIB

O maior ritmo de expansão das importações em comparação com as exportaçõ...

Veja mais