Câmbio e política monetária já estão no radar

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Um vespeiro cambial e monetário aguarda o futuro presidente do Brasil. A torrente de dólares que já vem mirando o mercado brasileiro vai impor novas decisões sobre a política cambial. E a perspectiva de declínio temporário da inflação no começo do ano pode exercer tentação quanto ao rumo da política monetária.

 

Mexer no câmbio é hoje tarefa considerada inevitável para o governo - o atual e o futuro. As providências tomadas até agora - aumento do IOF e ampliação de prazo de compras de dólar pelo Tesouro antecipar pagamento de dívida externa-- são consideradas paliativas e de fôlego curto por profissionais do setor financeiro consultados pelo Valor sobre a corrida dos candidatos Dilma Rousseff e José Serra ao segundo turno.

 

"A questão cambial estará aí para qualquer um que chegar à presidência porque encontrar uma solução é difícil, enquanto a China não mudar a sua política. O Lula parece temer medidas que tenham repercussão internacional. Não sabemos o que a Dilma poderá fazer. E a impressão é que o Serra faria uma política mais intervencionista", avalia uma das fontes.

 

Outra fonte, especialista em finanças internacionais, lembra que os mercados estão assistindo ao enfraquecimento global do dólar que está contaminando principalmente as economias emergentes que estão crescendo mais. "Nesse contexto, o Brasil está em evidência porque exibe um excelente crescimento e um processo eleitoral bastante democrático. Quando se olha para outros países, a perspectiva de crescimento pode até ser maior, mas sem solidez institucional que temos. A liquidez está buscando um lugar. Não há como conter o movimento."

 

Um terceiro economista entende que se o G20 não firmar algum acordo ou estabelecer regras, até bandas de oscilação em sua reunião de novembro, "cada governo fará o que quiser". E isso vai durar anos. Pelo menos três, estima a fonte, considerando que uma virada do mercado acontecerá quando os Estados Unidos precisarem elevar o juro. E essa possibilidade surgirá assim que o crescimento econômico acenar com alguma inflação. Isto é, quando a economia estiver avançando entre 3,5% e 4% por lá.

 

Expectativa também se forma a respeito da postura do próximo governo quanto às oportunidades de baixar o juro. "Isso vale para a Dilma e para o Serra. O IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo que é referência para a política de metas de inflação] poderá cair nos primeiros meses de 2011 a cerca de 4,4% no acumulado em 12 meses, principalmente se não ocorrer choque nos preços dos alimentos. Essa desaceleração é dada como certa, abrindo espaço até para corte de juro. Mas isso pode ser um problema logo depois, caso exista a determinação [do novo governo] de cumprir a meta de inflação. Na opção Serra poderemos ter uma posição mais agressiva. Na opção Dilma poderemos ver uma decisão mais cautelosa quanto ao juro, mas com outro risco. O de se tentar acelerar o crescimento".

 

Veículo: Valor Econômico


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