Pressão de alimentos faz inflação acelerar

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Os preços dos alimentos voltaram a pressionar a inflação e levaram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a uma alta de 0,45% em setembro, bem maior do que a taxa apurada no mês anterior (0,04%). O resultado representou o patamar mais elevado do índice oficial de apurado pelo IBGE desde abril.

 

O grupo dos alimentos, sob impacto especialmente das carnes, inverteu uma trajetória de três meses de deflação e subiu 1,08% em setembro, contribuindo com mais da metade, ou 0,24 ponto porcentual, do IPCA do mês.

 

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, diz que a alta na inflação em setembro não revela um aumento generalizado de preços, mas se deve à pressão dos alimentos e "reajustes pontuais de itens como água e esgoto, passagens aéreas e vestuário".

 

Segundo ela, boa parte das pressões sobre os alimentos tem origens externas, como os problemas climáticos em países como a Rússia. No caso das carnes, principal contribuição (0,11 ponto porcentual) para o IPCA no mês, Eulina disse que a alta de 5,09% está relacionada à estiagem no Brasil que provocou seca nos pastos e ao aumento de custos de insumos cujos preços são definidos em escala internacional, como o milho.

 

"A explicação mais evidente para a alta dos alimentos está nos problemas de oferta, ainda que a demanda esteja aquecida", disse a técnica. No ano, os alimentos já acumulam alta de 4,61% nos preços, variação superior à acumulada em todo o ano passado (3,18%).

 

Os alimentos respondem, sozinhos, segundo Eulina, por 1,04 ponto porcentual, ou "quase a terça parte" do IPCA acumulado de janeiro a setembro, de 3,60%. O aumento acumulado dos alimentos em 2010 reflete, sobretudo, segundo ela, os fortes reajustes do primeiro trimestre.

 

Esperada. A elevação na inflação em setembro já era esperada por analistas que estimavam, em média, IPCA de 0,47% no mês, segundo levantamento realizado pela Agência Estado.

 

Na visão do Banco Central, a inflação deve ficar em torno 0,45% ao mês, em média, até o fim do ano. Para o BC, a pressão da alta dos alimentos deve se concentrar no fim do ano e não deve se estender para 2011. Os preços dos alimentos podem ficar num patamar alto, mas é pouco provável que sigam subindo.

 

O analista Gian Barbosa, da Tendências Consultoria, acredita que o índice prosseguirá pressionado pelos alimentos e se manterá em torno do mesmo patamar de setembro nos próximos meses, fechando o ano de 2010 com alta acumulada de 5,0%, acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5%.

 

A economista Ariadne Vitoriano, da Rosenberg & Associados, também acredita que a inflação deverá se manter em patamar elevado nos próximos meses e avalia que o comportamento da inflação em setembro e as expectativas para o IPCA do último trimestre do ano são condizentes com uma taxa prevista de 5,10% para o acumulado de 2010.

 

Em 12 meses, a taxa ficou em 2,70%. Eulina disse que apenas 27 itens responderam por 3,10 ponto porcentual, ou 86%, do IPCA acumulado no ano. No topo da lista de contribuições para a alta do índice estão os colégios ( alta de 6,64% no ano), empregada doméstica (8,24%), ônibus urbano (7,16%), refeição fora de casa (6,11%), carnes (10,71%), plano de saúde (5,01%) e aluguel residencial (4,67%).

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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