Indústria eleva para 7,5% previsão de expansão do PIB

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O maior ritmo de expansão das importações em comparação com as exportações impediu a indústria de reestimar para cima a projeção de crescimento setorial para este ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) elevou a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 7,5%, 0,3 ponto percentual superior ao cálculo anterior, mas manteve inalterada em 12,3% a indicação de alta para o setor.

 

A perspectiva é que a indústria confirme crescimento de dois dígitos, um desempenho recorde nos últimos dez anos. Esse percentual embute recuperação em relação ao ano anterior e foi elaborado considerando a retração de quase 5% no PIB industrial em 2009.

 

O bom desempenho ocorre de forma disseminada, com possibilidade real de resultados positivos nos 19 segmentos industriais, com destaque para os subsetores de máquinas e equipamentos, automóveis e alimentos.

 

Para 2011, as projeções tendem a ser mais modestas. Em uma análise preliminar, a CNI informa que dificilmente a indústria registrará crescimento de dois dígitos como o que deve ser verificado em 2010. Não haverá resquícios de perdas decorrentes da crise a serem recuperados e a base de comparação será maior.

 

Um agravante é que a permanência de um câmbio valorizado, além de restringir a competitividade das exportações, tende a manter as importações em alta. Isso, de acordo a CNI, fará com que parte da demanda interna seja atendida por empresas estrangeiras, impedindo a indústria nacional de manter ou ampliar sua participação no mercado doméstico.

 

Entre janeiro e setembro, as importações avançaram 45%, totalizando uma despesa de US$ 132 bilhões. As exportações foram ampliadas em 29% e geraram US$ 145 bilhões em receitas.

 

A considerar o comportamento atual da moeda americana, o setor industrial avalia que as perspectivas serão menos otimistas. No informe conjuntural apresentado ontem, a CNI avalia que as importações se expandem "a um ritmo extraordinário", com forte aumento do coeficiente de penetração no mercado doméstico. "O câmbio valorizado faz com que haja vazamento da demanda interna para fornecedores de outros países", advertiu chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

 

Ao explicar como pode o setor se lamentar dos efeitos da valorização do real quando há uma projeção de alta de 12,3% para 2010, Castelo Branco explicou que a expansão industrial, embora esteja disseminada, exibe padrões diferentes com alguns subsetores com desempenho bem superior em comparação a outros.

 

O economista disse que os segmentos mais dependentes do mercado externo, como vestuário, móveis, madeira e calçados, por exemplo, registrarão performances positivas, porém, com taxas bem menos vistosas.

 

Ao calcular o crescimento do país, a CNI elevou de 2,3 pontos percentuais para 2,6 pontos percentuais a contribuição negativa do setor externo para o PIB neste ano. Se confirmado, esse resultado levará a um déficit US$ 54 bilhões na conta transações correntes do balanço de pagamentos.

 

Em outros agregados do PIB, a entidade reduziu de 5,4% para 5% a projeção de inflação e manteve a taxa Selic inalterada em 10,75%.

 

Veículo: Valor Econômico


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