Região tem a maior inflação desde 2003

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O consumidor do Grande ABC teve a maior inflação de setembro desde 2003. De acordo com o IPC-USCS/ABC (Índice de Preços ao Consumidor da região da Universidade Municipal de São Caetano), o avanço médio nos preços foi de 0,50% no mês passado. O último resultado superior no período, registrado em 2003, foi de 0,57%.

 

Nos últimos anos as famílias presenciaram pressão inflacionária a partir de outubro. Boa parte deste avanço acontece pela antecipação da utilização do 13º salário por meio de crédito. Mas neste ano, o ‘dragão'' atacou mais cedo mostrando sua força desde setembro, estimulado pelos preços dos alimentos.

 

As famílias com menor renda da região foram as mais prejudicadas com o encarecimento. O IPC-USCS/ABC captou alta de 1,16% no grupo alimentação. O resultado representa 0,39 ponto percentual da inflação da região, ou seja, quase 80% do total. Os alimentos são itens básicos da lista de consumo dos menos abastados e representam maior percentual no orçamento.

 

Segundo o assistente de coordenação do IPC-USCS/ABC, Lúcio Flávio Dantas, os derivados de trigo, o feijão e o milho são os pilares que sustentaram o avanço dos preços.

 

Feijão - Com alta de 3,14% em setembro nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais, o feijão foi responsável por um dos maiores impactos no indicador. "No ano, o produto acumula avanço no atacado de 70%. E o consumidor deve sentir isto também", avisou Dantas.

 

Ele explica que a safra do grão foi prejudicada. Regiões produtoras de São Paulo e da Bahia tiveram períodos de seca, o que atrapalhou a colheita. "Em Euclides da Cunha (BA), uma das principais cidades produtoras, ocorreu o inverso. Choveu muito no período de colheita", pontuou.

 

Ração - O milho também apresentou processo inflacionário em setembro. E o efeito já começa a aparecer para os consumidores, porém não diretamente. "O farelo de milho junto com o de soja e trigo são componentes essenciais para as rações", afirmou Dantas. Portanto, o encarecimento destes produtos é repassado para as carnes. Em setembro, os cortes bovinos e suínos aceleraram, em média, 4,98%, contra 2,58% em agosto. Os de frango passaram de 1,02% para 3,73%.

 

Demanda externa - A quebra na produção de trigo na Rússia e na Ucrânia foram citadas por Dantas como fatores relevantes que contribuíram para o encarecimento dos derivados do grão. A demanda externa subiu e os preços ao consumidor também aumentaram.

 

No varejo do Grande ABC, o preço da farinha de trigo subiu 7,56% no mês passado, ante 1,28% em agosto. O macarrão acelerou de -5,20% para deflação de 1,48%. E o pão francês subiu de 0,34% para 3,33%.

 

Alta dos preços está equivalente ao ocorrido nas capitais

 

O encarecimento aos consumidores do Grande ABC está proporcional ao que ocorre nas principais capitais do País. Até o fim de setembro, a inflação na região atingiu 3,62% no ano. Enquanto isso, o avanço dos preços em nível nacional foi de 3,60%.

 

No mês passado, o grupo alimentação e bebidas, na média das 11 regiões metropolitanas apontadas no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), subiu 1,08%. Assim, o resultado de 1,16% (alimentação) registrado pelo IPC-USCS/ABC (Índice de Preços ao Consumidor da região da Universidade Municipal de São Caetano) não ficou longe.

 

Para o assistente de coordenação do indicador do Grande ABC, Lúcio Flávio Dantas, a região é beneficiada pela grande concorrência no varejo como acontece em São Paulo e outras capitais. "O consumidor nestas cidades tem inflação parecida, pois também existe alto nível de concorrência", disse.

 

 
Veículo: Diário do Grande ABC


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