Governo mantém projeção otimista para PIB em 2011

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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, divulgou ontem uma revisão dos parâmetros para a elaboração do Orçamento para 2011. Os novos critérios elevam o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 6,5% (meta inicial) para 7,5%. O governo manteve, contudo, a previsão de crescimento da economia em 5,5% para 2011.

 

Em valores, o PIB inicial era de R$ 3,524 trilhões e passou para R$ 3,548 trilhões este ano. Para 2011 o montante projetado é de R$ 3,927 trilhões frente aos R$ 3,892 trilhões previstos anteriormente.

 

Os novos parâmetros apontam também a valorização do real. A expectativa da taxa de câmbio média de dólar caiu de R$ 1,80 para R$ 1,76 para este ano e passou de R$ 1,84 para R$ 1,75 em 2011.

 

O salário mínimo por sua vez, teve uma previsão menor do que os R$ 538,15, que tramita no Congresso para 2011. De acordo com a nova estimativa do ministério, o reajuste passaria de R$ 510 atuais para R$ 536,88 no próximo ano.

 

A assessoria do ministério justificou, no entanto, que a revisão é "contábil", uma vez que a negociação do valor ainda será feita pelo Congresso.

 

As centrais sindicais pedem reajuste de R$ 580, valor considerado irreal pelo governo.
"Ao responder a perguntas na Comissão Mista de Orçamento no Congresso, o ministro disse que a proposta de R$ 600 como valor para o salário mínimo foi "derrotada" na eleição presidencial, quando foi defendida pelo candidato do PSDB, José Serra . O ministro disse que o governo trabalha com o valor "arredondado" de R$ 540 e defendeu a atual política de valorização do mínimo, a reposição da inflação mais o PIB de dois anos anteriores."

 

Bernardo contou que os contatos com as centrais sindicais devem começar ainda esta semana e que a questão do mínimo estará resolvida até o fim deste ano.

 

O ministro concordou ainda que, se for dar aumento ao salário mínimo além dos R$ 540, serão cortados investimentos, como nas verbas do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC).
"Vamos ter de cortar gastos em alguma coisa. Fatalmente em investimentos será o primeiro lugar, e o PAC e o Minha Casa, Minha Vida terão R$ 44 bilhões. Isso significaria transformar despesas correntes em investimentos e acho que devemos fazer exatamente o contrário, reduzir o crescimento das despesas correntes para um nível abaixo do crescimento do PIB", frisou.

 

Outra mudança importante é a previsão menor para a inflação em 2010. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava calculado em 5,2%. Mas, segundo o novo estudo do Ministério do Planejamento, o índice caiu para 5,1%. Para 2011 ele permanece em 4,5%.

 

Questionado sobre a CPMF, ele disse que é preciso saber se o problema na Saúde é a falta de recursos ou uma gestão ruim. Ele argumentou que é "forte" a tese de que há problemas de gestão. Ele acrescentou que, se o entendimento for de que é preciso mais verba, terá que se achar uma fonte.

 

Focus

 

A projeção de analistas do mercado financeiro para a inflação este ano cresceu pela nona semana consecutiva. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central a expectativa para o IPCA em 2010 passou de 5,31% para 5,48%. O valor fica praticamente 1 ponto percentual do centro da meta estipulada pelo governo (4,5%).

 

Outros índices como o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) e o Índice de Preço ao Consumidor (IPC- Fipe) têm projeções de crescimento de 9,94% para 10,36%, 10,05% para 10,59% e 6,02% para 6,06% respectivamente.

 

O crescimento da economia este ano mantém-se, pela segunda semana seguida, estável em 7,6%, segundo Focus. Para 2011, também não foi alterada a projeção para o crescimento Produto Interno Bruto (PIB), que se mantém por 49 semanas em 4,5%. Consta do boletim Focus ainda a expectativa para a expansão da produção industrial, que passou de 11,12% para 11,07%, este ano, e permanece em 5,25%, em 2011.

 

A projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB foi ajustada de 40,89% para 40,55%, em 2010, e de 39,64% para 39,60%, em 2011.

 

A expectativa para a cotação do dólar permanece em R$ 1,70, ao final deste ano, e passou de R$ 1,77 para R$ 1,75, ao fim de 2011.

 

A taxa de juros, Selic, permaneceu pela décima segunda semana seguida com expectativa em 10,75% para 2010. A projeção para o próximo ano, porém, passou de 11,75% para 12% ao ano.

 

Com relação ao comércio internacional, a previsão para o saldo comercial (valor das exportações menos importações) não foi alterada este ano e em 2011. O que as manteve em US$ 16 bilhões e US$ 8 bilhões, em 2010 e 2011, respectivamente.

 

O déficit em transações correntes este ano também se manteve inalterado. Para 2011, houve uma piora e a projeção passou para US$ 68 bilhões. A expectativa para o investimento estrangeiro direto permanece em US$ 30 bilhões, em 2010. Para 2011, a projeção foi ajustada de US$ 37,5 bilhões para US$ 37 bilhões.

 


Veículo: DCI


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