Cresce procura por capital de giro

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Cenário de vendas anima as empresas a pegarem mais financiamentos

 

A crença em Papai-Noel parece ser ainda maior neste ano. Os bons números exibidos pela economia brasileira redobram a confiança do empresariado que se sente mais seguro para tomar linhas de financiamentos na certeza de bons retornos financeiros com as vendas de final de ano. Nesse cenário, o capital de giro é o tipo de crédito com maior demanda das pequenas e médias empresas nos bancos privados do país.

 

Os recursos emprestados têm destino certo: antecipação de 13º salário, recomposição de estoques e adiantamento de recebíveis. Os prazos concedidos pelos bancos superaram os patamares do período pré-crise, dependendo do poder de fogo do tomador. Alguns negócios são fechados em até 60 meses. As taxas de juros também caíram e, na corrida para ganhar clientes, os bancos apostam no aprimoramento dos serviços.

 

Para atender as pequenas e médias empresas, os bancos arregimentam gerentes especializados e alguns são treinados pelo próprio Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para entender melhor a necessidade desses clientes. O que mais chama a atenção das instituições financeiras é que 47% das pequenas e médias empresas são potenciais demandantes de financiamentos bancários e 22% são tomadoras efetivas de crédito.

 

Há bancos, que além de contar com profissionais afinados com as micro e pequenas empresas, bonificam os clientes que quitarem suas dívidas em dia. De olho nesse filão, o Bradesco antecipou e colocou a linha de capital de giro à disposição desses empresários em setembro, ao invés de outubro. "Esse financiamento é campeão nessa época do ano com prazos de pagamentos de até 12 meses", diz Octavio de Lazari Junior, diretor de departamento de empresas e financiamento do banco.

 

Os empréstimos para as pequenas e médias foram o destaque da carteira de crédito no terceiro trimestre. "O aumento atingiu 27,5% em 12 meses, superando as linhas para pessoas físicas que subiram 23,1%, enquanto para grandes empresas cresceram 7,6%.". Além do capital de giro, segundo ele, o Bradesco continua tendo uma forte demanda nas linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "O Finame - repasses do BNDES -- registrou acréscimo de 55,6%, seguido de cartão de crédito (47%) e capital de giro com alta de 18%", diz Lazari Junior. "Em setembro de 2009, tínhamos R$ 15 bilhões em Finame e hoje chegamos R$ 23,5 bilhões."

 

O Santander decidiu manter a estratégia adotada no ano passado e expandir os benefícios para ganhar mais empresas como clientes. "Em 2009, oferecemos financiamentos de R$ 26 bilhões para o segundo semestre. Agora, apenas em capital de giro, ofertamos R$ 14 bilhões, mais de 50% em relação ao mesmo período do ano passado", diz Mário Fanucchi, superintendente-executivo de pequenas e médias empresas. "Isso sem contar a conta garantida, descontos e financiamentos do BNDES.

 

"O Brasil vai bem e as empresas se sentem mais tranquilas para investir em seus próprios negócios, porque os empresários estão cada vez mais confiantes no país", afirma Marcelo Aleixo, superintendente-executivo do HSBC Empresas. Como em todo final de ano, "a busca por capital de giro é forte e o número de parcelas depende do valor da operação, mas operamos com prazo de até 36 meses".

 

Para ele, comparar 2010 com 2009 não tem sentido. "O ano passado não serve de base de comparação porque foi um ano complicado, mas em relação ao de 2008 estamos no mesmo nível, recuperamos os prazos de operação de até 36 meses e o banco vê o empresário buscando linhas de longo prazo para financiar suas atividades", afirma. As taxas de juros estão ao redor de 1,8% ao mês. "A tendência é que esse aquecimento se mantenha em 2011", prevê.

 

Já a expectativa do Banco Itaú Unibanco é que o total de crédito de capital de giro cresça entre 10% e 15% este ano. Até o final de junho, as operações de crédito para pequenas e médias empresas somavam R$ 54,31 bilhões, alta de 7,3% em relação a dezembro e de 28,5% na comparação o mesmo período de 2008. Segundo dados do banco, as taxas de juros para pequenas e médias empresas passarão de 1,29% para 0,89% ao mês, enquanto as taxas máximas de 6,39% passaram para 5,86% ao mês. O prazo de pagamento vai até 24 meses, dependendo da modalidade e das garantias oferecidas.

 

"Temos uma equipe muito bem preparada para orientar nossos clientes na escolha da melhor opção em capital de giro parcelado. O planejamento correto, nos períodos de Natal e férias, é essencial para que o comércio se prepare para as demandas, melhore sua performance e, consequentemente, tenha mais lucratividade", afirma Carlos Eduardo Maccariello, diretor da área de empresas do Itaú Unibanco.

 

O Santander, segundo Fanucchi, "aumentou em praticamente 15% sua base instalada para atender as pequenas e médias empresas". Essa tendência deverá se manter aquecida em 2011. "Haverá fluidez nos negócios entre as grandes corporações e as pequenas e médias empresas para atendimento das cadeias de valor", prevê.

 

Segundo Lazari Junior, do Bradesco, são mais de 500 novos gerentes para atender as pequenas e médias empresas. "Colocamos 515 novos gerentes para cuidar apenas de orientação de negócios para as essas empresas em 2010. Desde 2003, o banco faz o trabalho em parceria com o Sebrae para treinamento de gerentes. Já habilitamos 8 mil daquela época até agora."

 

O HSBC, que possui 890 agências no Brasil, diversificou a forma de atendimento a esse segmento. "Nossos gerentes atendem os clientes de três formas: por telefone, dentro das agências e ainda temos as plataformas de negócios para pessoa jurídica", diz. Pelos cálculos de Aleixo, foram contratados 260 novos funcionários para integrar a equipe HSBC Empresas, segmento que vai até R$ 20 milhões de faturamento por ano.

 


Veículo: Valor Econômico


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