Originada no mercado externo e amplificada pela entressafra doméstica dos grãos, a tendência de alta dos preços dos alimentos promete não dar sossego aos índices de inflação no Brasil até o início de 2011. Em outubro, novamente os alimentos foram os principais responsáveis pela alta de 0,75% no IPCA, contribuindo com 57% do aumento.
O quadro de oferta e demanda global de produtos como milho e soja dá sustentação a cotações em alta até dezembro nas bolsas globais, coadjuvado pelas expectativas de atrasos nas colheitas e perdas no extremo sul do hemisfério Sul, que estão se confirmando. A contínua queda do dólar e o aumento da liquidez global, um dos efeitos da política de afrouxamento monetário do Fed americano, trouxe de volta os fundos de hedge a posições especulativas no mercado.
O relatório do Departamento de Agricultura dos EUA, divulgado ontem, reforçou perspectivas "altistas" para os dois grãos. Na bolsa de Chicago, os contratos de soja com vencimento em janeiro - a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez - subiram 4,26%, para US$ 13,29 por bushel, o maior valor desde 27 de agosto de 2008. Segundo o Valor Data, o aumento no ano é de 26,75% e, em 12 meses, de 36,73%.
Veículo: Valor Econômico