Inflação começa a cair apenas em janeiro, prevê FGV

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A alimentação e o setor agrícola vão ser decisivos para definir a taxa de inflação do ano. Mesmo com o câmbio a favor da queda de preços no mercado interno, ele não tem sido suficiente para compensar o reajuste das commodities agrícolas, pressionadas em parte pela demanda, mais forte devido à recuperação da renda, pela menor oferta, com problemas climáticos afetando as safras, e pelos investimentos financeiros, que ajudam a elevar os preços internacionais.

 

Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Salomão Quadros, a maior preocupação é que esse processo se prolongue, com maior pressão vinda da agricultura e nova aceleração de preços no atacado, o que faria com que o varejo ganhe nova onda de pressão. Em outubro, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) terminou em 1,03%, abaixo do 1,1% no mês anterior. Mas esse foi o terceiro mês consecutivo com a taxa acima de 1%.

 

"A persistência de alta dos preços agrícolas está fazendo com que índice se mantenha em patamar de 1%. A gente não tinha observado este ano nenhuma sequência tão grande de inflação. O resultado que está por trás dessa resistência é da agricultura, além de alguns fatores da indústrias, apesar do câmbio desvalorizado", disse Quadros.

 

Agora, já não é somente a pressão por oferta e demanda que atinge os preços, mas também é resultado de um comportamento do setor financeiro, com recursos "ociosos" se voltando para as commodities. Por outro lado, o câmbio está ajudando a segurar a inflação. "Deixou de ser um fator neutro para ajudar a moderar a taxa de inflação nos últimos três meses", comentou.

 

Mesmo com o amortecimento do câmbio, há a pressão realizada pelas commodities. Segundo Quadros isso faz com que a inflação nos próximos meses seja muito mais imprevisível.

 

Até outubro, a taxa acumulada em 12 meses do IGP-DI ficou em 9,11%, e deve continuar subindo até o fim do ano. Novembro e dezembro do ano passado tiveram taxas muito pequenas, próximas a zero. Então, a expectativa é que as taxas deste ano devem superar as de 2009, o que fará com que a taxa em 12 meses continue subindo.

 

"A partir de janeiro é que isso deverá começar a mudar e o indicador de 12 meses deve começar a se estabilizar e, depois, desacelerar", disse Quadros.

 

Dentro do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou alta de 1,32%, abaixo do verificado no mês anterior, de 1,47%. O índice ainda foi considerado elevado, mas já demonstra uma desaceleração mais forte do que o IGP-DI, que teve queda de apenas 0,07 ponto percentual, para 1,03%, impactado pelos preços em alta no varejo. O índice de preços ao consumidor (IPC) registrou variação positiva de 0,59%, acima dos 0,46% do mês anterior.

 

Veículo: Valor Econômico


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