Consumo aquecido, chuva no Brasil e seca no exterior aumentaram custos da comida
Consumo aquecido, clima desfavorável e a consequente alta dos preços de commodities elevaram a inflação dos alimentos neste ano, pressionando itens básicos da mesa do brasileiro.
A aceleração dos preços do grupo fez o índice acumulado em 12 meses encerrados em outubro atingir 5,20% e se distanciar ainda mais do centro da meta do governo para este ano (4,5%). Tanto a taxa anual como a de 12 meses superam o IPCA de todo o ano de 2009 (4,31%).
De janeiro a outubro, o feijão carioca subiu 109,78%; carnes, 14,58%; leite, 15,21%, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE.
Na média, os preços de alimentos subiram 6,59% nos dez primeiros meses do ano, acima do IPCA acumulado -4,38%- e mais que o dobro da variação de 2009 (3,18%).
"Os alimentos determinaram praticamente sozinhos o perfil da inflação em 2010", diz Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IPCA.
Em outubro, o índice oficial de inflação do país teve alta de 0,75% -a maior para o mês desde 2002. Os alimentos subiram 1,89%, também na maior taxa para o mês desde 2002.
A chuva no início do ano aumentou os preços de hortaliças e produtos in natura. Secas em países produtores de grãos, como Rússia e Ucrânia, especulação nos mercados futuros de commodities e o consumo em países emergentes se traduziram numa forte alta de farinhas, derivados de trigo e carnes.
META DE INFLAÇÃO
Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a meta de inflação do Brasil terá de cair durante o governo Dilma Rousseff. Ele disse que se trata de um processo gradual, mas que "com certeza será no governo Dilma".
O ministro argumenta que, para chegar ao juro real de 2%, desejo da presidente eleita, a inflação do país terá que ser reduzida. O juro real é resultado da taxa básica de juros menos a inflação.
Veículo: Folha de S.Paulo