O fortalecimento da inflação das commodities no atacado, tanto no setor agrícola como no setor industrial, puxou para cima a taxa da segunda prévia do IGP-M, que saltou de 0,89% para 1,20% de outubro para novembro.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o movimento de pressão das commodities levou ao aprofundamento da inflação atacadista, que representa 60% do total do indicador e subiu de 1,16% para 1,55% no período. No setor agrícola, as matérias-primas brutas agropecuárias foram destaque em aceleração de preços no atacado. A taxa de inflação do setor subiu 3,59% para 5,61%, pressionada pelas disparadas nos preços de soja (de 3,59% para 8,84%) e bovinos (de 3,74% para 9,44%).
Quadros explicou que a demanda internacional por estes dois produtos está muito forte, o que tem reduzido a oferta nos mercados externo e doméstico, elevando os preços.
"Isso também provocou repasses de aumentos de preços dentro do atacado", acrescentou o especialista. Por conta do aumento nos preços dos bovinos, a alta no preço da carne bovina no atacado acelerou de 3,74% para 9,44% de outubro para novembro.
Houve ainda o término da queda de preços do farelo de soja (de -0,12% para 5,29%) e a aceleração de preços em óleo de soja bruto (de 4,22% para 11,50%).
"Estes dois produtos derivados da soja são originados do setor agrícola, mas são calculados dentro do setor industrial, e isso acabou elevando a inflação dos preços industriais no atacado [de 0,10% para 0,49%]", comentou o coordenador da FGV.
No setor industrial, a recuperação de preços das commodities industriais no mercado internacional ajudou a dar fim à queda de preços em materiais para manufatura (de -0,09% para 0,75%) no atacado, que fornecem insumos para indústria - como celulose (de -4,24% para 0,78%).
"O que ocorre hoje é que os preços aqui no mercado doméstico estão muito interligados ao que ocorre no mercado internacional. Se os preços sobem lá fora, isso acaba por se refletir aqui", concluiu Quadros.
Veículo: DCI