FGTS tem pior rendimento pelo segundo ano seguido

Leia em 2min 20s

Somente neste ano, contas dos trabalhadores estão perdendo R$ 15,36 bi

 

Rendimento será de 3,62%, ante IPCA de 5,63%; nos oito anos do governo Lula, perda total supera R$ 71 bi

 

Pelo segundo ano consecutivo, os trabalhadores com registro em carteira terão pesadas perdas em suas contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

 

Neste ano, o rendimento das contas será de apenas 3,62% -o menor rendimento desde que o fundo foi criado, em 1966-, ante inflação de 5,63% pelo IPCA (índice usado na meta de inflação).

 

No ano passado, as contas do FGTS renderam 3,90%, ante inflação de 4,22% pelo mesmo índice. Para os dois cálculos, consideram-se os créditos feitos nas contas nos dias 10 de janeiro a 10 de dezembro de cada ano -nesse caso, o comparativo é com a inflação de dezembro de um ano a novembro do seguinte.

 

Assim, amanhã as contas do FGTS receberão crédito de apenas 0,2803% (referente aos juros de 0,246627% mais a TR de 0,0336%), ante o IPCA de 0,83% de novembro.
Segundo cálculos da ONG Instituto FGTS Fácil, somente amanhã os trabalhadores perderão R$ 2,4 bilhões. Esse dinheiro deixará de ser creditado nas contas pela diferença entre a inflação de 0,83% e a TR de 0,0336%.

 

Neste ano, as perdas serão de R$ 15,36 bilhões -diferença entre a inflação de 5,63% e a TR de 0,6009%. Nos oito anos do governo Lula, as perdas somam R$ 71,1 bilhões.
O governo usa como argumento que está seguindo a lei e que as contas rendem mais de 3% pois considera, nesse cálculo, o juro anual. Mas os juros de 3% não deveriam ser levados em consideração no comparativo com a inflação porque se trata de uma remuneração, como se o fundo fosse um investimento.

 

A forma atual de remuneração do FGTS é tão ruim para o trabalhador que a poupança -a mais popular das aplicações no país- rende 6,17% ao ano (o juro de 0,5% ao mês é cumulativo).

 

Segundo Mario Avelino, presidente do Instituto FGTS Fácil, uma forma de minimizar esse problema seria a aprovação do projeto de lei do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) que tramita no Senado desde 2008. Ele prevê a troca da TR pelo IPCA.

 

O relator, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), propõe a troca da TR pelo INPC e a volta dos juros progressivos de 3% a 6%. "Entre março e junho deste ano, o projeto foi pautado nove vezes -e em todas não foi votado por falta de quorum", diz Avelino.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Inflação é a maior em quase seis anos

Com disparada dos alimentos, índice de preços avança 0,83% em novembro e supera centro da meta para...

Veja mais
Alimentos e bebidas puxam mais uma vez a alta do IPCA

A alta de 0,83% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro deste ano foi puxada mais uma v...

Veja mais
Lenta, desindustrialização já atinge produção e emprego

A produção de TVs de LCD cresceu 153% de janeiro a outubro de 2010 em relação ao ano passado...

Veja mais
Tombini mostra preocupação com câmbio

Em sabatina no Senado, futuro presidente do BC indica que pode ser mais intervencionista no câmbio do que seus ant...

Veja mais
Alimentação e transportes puxam ICV

O Índice do Custo de Vida (ICV) ficou em 1,04% em novembro, superando em 0,11 ponto percentual a taxa de 0,93% re...

Veja mais
Indexação perde força na economia, mas ainda é alta

Custos e produtividade já entram no cálculo de pelo menos 4 entre 12 preços administrados   ...

Veja mais
Tributo alto nas festas de fim de ano

Arrecadação não perdoa árvore de presentes ou ceia de Natal e tanto os produtos importados c...

Veja mais
Inflação da baixa renda acelera para 1,33% em novembro

O grupo alimentos, cuja taxa de variação subiu de 1,72% para 2,62%, liderou a alta dos preços &nbs...

Veja mais
Alimento tem maior preço em 28 meses

Puxado pelo açúcar e pelas oleaginosas, indicador de preços da ONU volta para os patamares de 2007 ...

Veja mais