Empresas e centrais cobram ação do novo governo contra importações

Leia em 2min 30s

Sob ameaça da invasão de importados, capital e trabalho deixaram as diferenças de lado para juntar forças numa cruzada em defesa do produto brasileiro. A aliança entre representantes das indústrias e das centrais sindicais começou a ser articulada nas mesas de negociação salarial, avançou em reuniões setoriais conjuntas e deve ganhar força no início de 2011, com a posse do governo Dilma Rousseff.

 

Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pelo avanço do processo de substituição da produção local por estrangeiros. Entre eles, estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis.

 

"Queremos falar com a presidente Dilma, a equipe econômica e os parlamentares para mostrar o mal que isso está causando à economia ", diz o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva.

 

A ideia é ter um diagnóstico sobre a situação e identificar os setores afetados, além da apresentação de propostas. Nesse sentido, os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, e da categoria em São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, Miguel Torres, vão propor hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, eventos para debater a competitividade da indústria nacional.

 

"Estamos pensando em promover, entre janeiro e fevereiro, um debate com esse tema reunindo a visão dos trabalhadores, dos empresários e do governo", conta Nobre. "Num momento como este, não dá para cada um ter a sua agenda. É necessário ter uma agenda única, um diagnóstico comum das medidas importantes para reverter o quadro."

 

A atuação conjunta do capital e do trabalho faz sentido. Nas negociações salariais deste ano, os trabalhadores chegaram a conquistar aumentos superiores a 6% além da inflação. Mas o ganho poderia ter sido maior. "As empresas alegam que perdem competitividade com o aumento dos salários", afirma Torres.

 

Os sindicalistas temem que, no caso de uma eventual reviravolta no mercado interno, as empresas, além de importar, passem a demitir. Há preocupação ainda sobre os novos investimentos e a criação de empregos.

 

Um exemplo é o da Usiminas, que desistiu de construir uma usina no Vale do Aço, em Minas Gerais. A unidade, que estava embargada desde a crise internacional, teria capacidade para produzir 5 milhões de toneladas por ano e exigiria investimentos de US$ 6 bilhões. "Se somar a importação direta e indireta de aço este ano, estamos falando de 10 milhões de toneladas, o que representa quase duas Usiminas", afirma o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

No Natal, consumidor prefere pagar à vista

Segunda parcela do 13º e temor com gastos extras de início do ano explicam a opção   No...

Veja mais
Inflação na meta só em 2012

A taxa de inflação, medida pela variação do IPCA, só convergirá para algo pr&o...

Veja mais
Restrição a crédito tem impacto zero sobre o Natal, diz CNDL

As medidas de restrição ao crédito anunciadas no início do mês pelo Banco Central e pe...

Veja mais
Copom indica maior chance de alta de juros

Ata da reunião do Copom demonstra preocupação com a inflação, mas indica que o BC vai...

Veja mais
Argentina ameaça com novas barreiras

Às vésperas da reunião do Mercosul, Argentina indica que pode aplicar sobretaxa de 71% às to...

Veja mais
Variação nos preços dos itens natalinos chega a 93,22%

Quem não pesquisar antes de comprar os itens para a ceia de Natal pode gastar além do previsto. Levantamen...

Veja mais
Grupo de 11 países corta tarifa de 70% dos bens importados

Antonio Patriota, futuro chanceler do Brasil, e o chanceler argentino, Hector Timerman, após coletiva de imprensa...

Veja mais
Fracassa acordo sobre licitações no Mercosul

Os países do Mercosul fracassaram na tentativa de concluir, durante a 40ª reunião de cúpula do...

Veja mais
Vendas no varejo crescem há seis meses seguidos e acumulam alta de 11% no ano

As vendas no comércio varejista cresceram pelo sexto mês consecutivo. Em outubro, a alta no volume de venda...

Veja mais