As vendas no comércio varejista cresceram pelo sexto mês consecutivo. Em outubro, a alta no volume de vendas foi de de 0,4% na comparação com setembro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A receita nominal do varejo cresceu mais - 1,3% na mesma comparação. Em relação a outubro de 2009, houve alta de 8,8% no volume de vendas - a menor variação desde novembro de 2009 - e de 13,3% na receita de vendas.
O volume de vendas no comércio varejista ampliado - que inclui ainda o desempenho das vendas de veículos e motos, partes e peças e material de construção apenas no varejo - subiu 2,1% frente a setembro. Na comparação com outubro de 2009, houve alta de 11,2%. As vendas de veículos e motos, partes e peças subiram 6,8% na comparação com setembro e 16% ante o mesmo mês do ano passado. Já as vendas de material de construção no varejo ficaram estáveis ante setembro e apresentaram alta de 8,9% ante outubro de 2009, sempre considerando volume.
O comércio registra, em 2010, o melhor ano da série histórica iniciada em 2001, com alta acumulada de 11,1% até outubro, em relação a igual período no ano anterior. Diante das perspectivas para novembro e dezembro, com as vendas de Natal e o pagamento do 13º salário, o comércio deve manter esse bom desempenho, fechando 2010 com um crescimento acima dos 10%. Com isso, o resultado de 2010 superaria o de 2007, quando a expansão de 9,7% foi a melhor da história recente.
Esse resultado é puxado, principalmente, pelo aumento da massa salarial e da oferta de crédito. A desvalorização do dólar também provoca efeitos benéficos na venda, por facilitar as importações, especialmente de componentes eletrônicos, e jogar para baixo os preços de alguns produtos. Para o coordenador da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), Reinaldo Pereira, após o baque de 2009, as vendas no varejo voltaram a patamares comparáveis a 2007 e 2008, quando foram registrados dois dos melhores níveis de vendas da série.
"Em 2008, as vendas do comércio só não cresceram na casa dos dois dígitos porque houve um certo efeito da crise, que se instalou no final daquele ano", afirmou.
Na comparação com setembro, quatro das oito atividades pesquisadas registraram crescimento no volume de vendas, com destaque para livros, jornais e papelaria (4,7%) e móveis e eletrodomésticos (2,3%). Por outro lado, houve retração nas vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,2%) e combustíveis e lubrificantes (-0,2%).
O setor de hiper, supermercados e produtos alimentícios vem liderando as vendas, apesar dos efeitos de altas de alimentos ao longo do ano. Até outubro, registram alta acumulada de 9,7% em comparação ao mesmo período no ano anterior. Se considerados os últimos dois meses, em relação ao mês imediatamente anterior, as vendas de hiper e supermercados apresentaram leve redução (-0,1% em setembro e -0,2% em outubro). Pereira minimizou esses indicadores, embora reconheça que possa haver influência da recente alta nos preços dos alimentos.
"São pequenas quedas, quase uma estabilidade. Mas não é um sinal de tendência. O aumento de preços é passageiro", observou. O economista do IBGE acentuou ainda que alimentos são produtos de primeira necessidade, e que, fatalmente, o consumidor vai alterar seu cardápio, se a alta persistir. "Se a carne de boi subir muito, por exemplo, o brasileiro passará a comer frango. Sempre há uma substituição", comentou.
As vendas de móveis e eletrodomésticos e de tecidos, vestuário e calçados seguem em alta, com elevações significativas nos últimos meses. Em outubro, subiram, respectivamente, 2,1% e 1,8%, ante setembro. Muitos desses produtos são importados ou carregam componentes trazidos do exterior, o que pode evidenciar a influência do dólar fraco.
Veículo: Valor Econômico