O comércio varejista e a retomada da inflação

Leia em 2min 10s

Por dois meses seguidos o comércio varejista apresentou resultado medíocre, certamente abaixo das previsões dos economistas. A questão é saber se este afrouxamento das vendas se explica pela aproximação das festas de fim de ano, pelo aumento dos preços ou pela redução das facilidades de crédito.

 

Pode-se descartar a última explicação, pois são muito recentes as medidas de restrição ao crédito. Certamente, os dois primeiros fatores influíram na inibição das vendas.

 

A alta de preços foi particularmente marcante no caso dos produtos alimentícios. Por isso, registramos uma redução de 0,3% das vendas de alimentos nos supermercados (dados com ajuste sazonal). Sem esse ajuste, verifica-se uma elevação de 8,8% do volume de vendas.

 

Aliás, o efeito da alta de preços se distribui por todo o comércio, como se percebe ao comparar os dados de volume com a receita nominal (ambos com ajuste sazonal): em agosto, os dois valores eram próximos (1,7% e 1,9%), mas, em outubro, mostram-se bem diferentes (0,4% para o volume e 1,3% para o faturamento).

 

É provável que as famílias tenham reduzido suas compras agora para economizar, em vista dos gastos de final do ano. O setor que mais revela essa prudência é o dos equipamentos e materiais de informática e comunicação, com queda de 10% em volume. São bens com que se costuma presentear no Natal e que, sendo essencialmente importados, não acusaram um aumento de preços.

 

O setor dos móveis e eletrodomésticos apresentou aumento de vendas de 2,3% em volume, ao que tudo indica, vinculado ao programa habitacional: a ocupação de uma nova unidade residencial exige a compra de móveis e eletrodomésticos.

 

O comércio varejista ampliado, que, além do comércio normal, inclui as vendas de automóveis e materiais de construção, cresceu 2,1% - 6,8% no caso dos automóveis e nada no caso de materiais de construção. Essa informação indica um afrouxamento da atividade.

 

A forte venda de automóveis explica-se pelo fato de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter anunciado medidas restritivas para o mês seguinte, exigindo uma parcela de pagamento à vista para os financiamentos mais longos. Isso levou a uma antecipação das compras de veículos.

 

Um outro aspecto é interessante: enquanto o volume cresce 6,8%, o faturamento fica inferior a 6,3%. Isso reflete a importância dos financiamentos no setor das vendas de carros. Em novembro e dezembro, o comércio deve aumentar com as compras natalinas.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Indústria prevê expansão econômica de 4,5% em 2011

A indústria nacional prevê um ritmo menos intenso do crescimento econômico em 2011, comparado a 2010:...

Veja mais
Alimentos afastam de novo a inflação do alvo de 4,5%

Com uma sucessão de aumentos de preços de dois dígitos, os alimentos serão mais uma vez resp...

Veja mais
Alimentos puxam alta em prévia da inflação que corrige o aluguel

A primeira prévia do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) de dezembro mostrou pequeno avan&cce...

Veja mais
Comércio incentiva o uso do cheque na capital mineira

Apesar de o cartão de crédito continuar sendo a principal modalidade de pagamento no comércio de Be...

Veja mais
Escalada da inflação muda estratégia das empresas de consumo

Setores de alimentos, bebidas e vestuário criam alternativas para enfrentar pressão das commodities  ...

Veja mais
Natal de 2010 será o melhor da década

Pacote do arrocho de crédito deve tirar R$ 2 bilhões do comércio, mas ainda assim vendas serã...

Veja mais
PanAmericano prossegue operação no setor

A diretoria executiva do Banco PanAmericano, que mantém contratos de parceria em operações de cr&ea...

Veja mais
Setor de alimentos vê 2011 sem entusiasmo

As grandes fabricantes de alimentos dos Estados Unidos estão abordando 2011 com cautela, à medida que a fr...

Veja mais
Para a indústria, é preciso conter os importados

A queda do PIB industrial, provocada pelo aumento da entrada de produtos importados no país, preocupa representan...

Veja mais