Indústria prevê expansão econômica de 4,5% em 2011

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A indústria nacional prevê um ritmo menos intenso do crescimento econômico em 2011, comparado a 2010: entre 4,5% a 4,6%. De acordo com o Informe Conjuntural da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado ontem, o consumo interno deverá apresentar desaceleração no próximo ano, o que deve impactar na expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no período. Para este ano, a CNI prevê expansão de 7,6% do PIB. Da mesma forma, o diretor do Departamento de Pesquisa Econômica da Fiesp, Paulo Francini, afirmou que a entidade estima avanço moderado em 2011, de 4,6%, ante crescimento de 7,7% em 2010.

 

Segundo a CNI, o fim das desonerações tributárias adotadas para atenuar os efeitos da crise econômica e do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES e as restrições ao crédito ao consumidor, determinadas no início do mês pelo Banco Central (BC), diminuirão o ritmo de alta do consumo em 2011. O consumo das famílias, que deverá crescer 7,9% este ano, pelas previsões da CNI, se expandirá 5,1% em 2011.

 

O economista Guilherme Antonio Moura da Costa, professor das Faculdades Integradas Rio Branco, comenta que o nível de crescimento deste ano é alto por causa da base de comparação que é de 2009 e que se não houvesse a crise financeira em 2008, o Brasil teria crescido a uma média de 4,5%. "O que leva a considerar que o crescimento previsto [pela CNI e pela Fiesp] é uma retomada à expansão econômica brasileira anterior a crise", analisa.

 

Para ele, a economia brasileira cresceria acima de 5% se o governo reduzisse seus gastos públicos. "Para crescer mais de 4,5%, a taxa de poupança interna poderia passar dos atuais 19% do PIB para mais de 22%, de modo a sobrar dinheiro para investimentos em infraestrutura, por exemplo."

 

Conforme estimativas da CNI, outros indicadores registrarão, igualmente, desaceleração no próximo ano. A indústria, cujo PIB deve fechar este ano com um incremento de 10,9%, irá aumentar 4,5%, enquanto os investimentos, que se expandirão 24,5%, outro fator de grande peso na expansão do PIB, devem reduzir para alta de 13,5%. No caso da indústria paulista, Francini estima que o Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista deve avançar 4% no próximo ano, ficando, entretanto, bem abaixo dos 10% de expansão que devem ser registrados em 2010.

 

Com relação à inflação, a CNI projeta que esta deve atingir 5,8% este ano, acima do centro da meta inflacionária (de 4,5%), e cairá a 5% em 2011. A taxa nominal de juros subirá de 10,75% este ano para 12% no próximo ano, enquanto o juro médio real se elevará de 4,6% para 6,3%.

 

A edição especial do Informe Conjuntural prevê também que o déficit público nominal crescerá de 2,9% do PIB, este ano, para 3,2% em 2011, e o superávit público primário cairá de 2,3% para 2,2% do PIB. Já a dívida pública líquida registrará ligeiro decréscimo, a atingir 40,8% do PIB em 2010 e 40,4% em 2011.

 

Exportações

 

Para outro indicador de destaque, as exportações, o informe da CNI projeta que devem fechar este ano em US$ 198 bilhões e subirão para US$ 228 bilhões no próximo ano. Porém, a elevada expansão das importações, que passarão de US$ 183 bilhões a US$ 224 bilhões, pela valorização do câmbio, reduzirá drasticamente o saldo comercial.

 

O presidente da CNI, Robson Andrade, afirma que o Brasil deve continuar a enfrentar dificuldades para estimular a exportação em 2011, semelhante ao que aconteceu neste ano. "É preciso adotar uma política comercial mais agressiva, tanto do ponto de vista de atuação no mercado internacional para exportações como na defesa dos interesses da economia brasileira. Não podemos colocar a indústria brasileira em uma concorrência predatória e não isonômica", diz.

 

Ameaça

 

Andrade também defendeu um ataque maior por parte do governo à questão cambial, com a adoção de medidas como a ampliação da tributação sobre a entrada de capital externo no País, além da implementação de uma quarentena para a permanência desses recursos no Brasil. A taxa de câmbio acumula uma variação de 28% entre este mês de dezembro e dezembro de 2008, e de 25%, no mesmo período, em relação à cesta de moedas dos 13 principais países parceiros comerciais do Brasil. "Essa situação é uma ameaça ao processo de crescimento sustentado. A provável alta dos juros, em resposta à aceleração da inflação, irá criar maior pressão sobre o câmbio, exacerbando as dificuldades de competição dos produtos brasileiros."

 

Veículo: DCI


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