Apesar de o cartão de crédito continuar sendo a principal modalidade de pagamento no comércio de Belo Horizonte, alguns lojistas optam pelo risco da inadimplência e fazem promoções que incentivem o pagamento por meio de cheques. O objetivo, conforme a coordenadora do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, é fugir das altas taxas cobradas pelas administradoras de cartão de crédito.
"Os últimos estudos realizados pela entidade têm mostrado a força que o cartão de crédito possui junto ao consumidor. Na contramão, aparece o cheque, que tem tido cada vez menos espaço no comércio da Capital. Na maioria das vezes, os lojistas evitam o recebimento desta modalidade de pagamento, como forma de diminuir o risco da inadimplência. No entanto, devido às altas taxas cobradas pelas administradoras, alguns deles têm alterado o perfil das vendas e passado a aceitar os cheques", explicou.
Conforme Silvânia de Araújo, para se ter uma ideia, o último Balanço do Crédito do Comércio Lojista de Belo Horizonte, realizado pela Fecomercio Minas com cerca de 300 lojistas da Capital, mostrou que em outubro o cheque era aceito em 33% dos estabelecimentos consultados.
"Um dos fatores que contribuem para a menor presença do cheque no comércio da capital mineira é o fato de que os próprios consumidores estão perdendo o hábito de andar com os talões", explicou.
Como forma de reverter o cenário, ou simplesmente ampliar as margens de lucro das empresas, os lojistas estão oferecendo uma série de benefícios que incentivem os pagamentos por meio de cheques. Segundo Silvânia de Araújo, os benefícios vão desde prazos maiores para o pagamento até descontos no valor final dos produtos. "Diante dessa situação, os lojistas estão oferecendo prazos de até três vezes no cartão, enquanto no cheque é possível pagar em até seis", explicou.
Ainda segundo apontou o estudo, no caso dos financiamentos, o cartão de crédito representa 64% das operações a prazo, enquanto o cheque é responsável por apenas 21%. Logo em seguida aparecem os boletos, com 9%, e cartões próprios das lojas, com 7%. "O cartão de crédito é o meio mais utilizado. Além de todas as facilidades que já conhecemos e da praticidade do chamado ‘dinheiro de plástico’, as pessoas muitas vezes o utiliza como forma de financiamento", avaliou.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato Filho, é grande o número de lojistas que optam por assumir o risco da inadimplência e aceitam a antiga forma de pagamento. No entanto, ele explicou que não são somente os pequenos lojistas que adotam a estratégia. "Existem empresas de grande porte aceitando cheques e flexibilizando as formas de pagamento com o objetivo de diminuir os custos com as operadoras de cartões", afirmou.
Além disso, segundo ele, apesar de o lojista ter toda a liberdade de oferecer benefícios, descontos e promoções visando chamar a atenção para determinada forma de pagamento, a decisão final sempre deve ser do consumidor. "Não adianta oferecer uma série de benefícios se o cliente não trabalha com aquela forma de pagamento ou no momento não deseja utilizá-la", alertou.
Veículo: Diário do Comércio - MG