O preço da soja caminha para novo recorde este ano devido à quebra de safra dos grandes produtores do grão, entre eles Estados Unidos e Argentina. A expectativa é que a oleaginosa chegue a R$ 55 por saca de 60 quilos, superando a marca histórica de junho de 2009, quando foi cotada a R$ 53. Hoje a saca vale R$ 51. O movimento observado na soja deve ser seguido de perto pela carne bovina, que no ano passado acumulou alta de 34,45% em São Paulo.
Com o preço da carne bovina em elevação, os consumidores migram para suínos e frango, transferindo parte da alta de preços para esses produtos. O custo das carnes suínas registrou avanço de 21,75% em 2010,enquanto o frango teve elevação de 23,61%. O aumento de preços dos alimentos — e o consequente impacto na inflação — deve ser um dos principais desafios do governo de Dilma Rousseff. Prova disso é que ontem o Banco Central informou que o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), lançado mês passado no Relatório de Inflação do BC, subiu 35,37% em 2010. O indicador mede a variação de preços das commodities nos mercados internacionais, o que é importante para a autoridade monetária avaliar a dinâmica da inflação doméstica. De acordo com os números do BC, o aumento do IC-Br em dezembro foi influenciado pelo segmento agropecuário, formado por carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e suínos.
No cenário externo, a evolução dos preços dos alimentos também preocupa. O índice das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) subiu em dezembro pela sexta vez, atingindo uma nova máxima histórica e ultrapassando o nívelo bservado na crise de 2007/2008. O indicador, que mede a variação dos preços de uma cesta de commodities, tocou 214,7 pontos no mês passado, acima dos 206 pontos de novembro e superior ao recorde de 213,5 pontos alcançado em junho de 2008. A elevação do índice foi provocada pelo aumento dos preços de todas as categorias monitoradas pela FAO, incluindo cereais, açúcar, carnes, óleos e produtos lácteos.
Veículo: DCI