A crise financeira mundial não deverá afetar as contratações de executivos para as empresas de agronegócios no Brasil neste ano. A afirmação é do especialista em carreiras no agronegócio, Jeffrey Abrahams.
Segundo o proprietário da Abrahams & Associates, uma das principais consultorias utilizadas pelas companhias multinacionais com atuação no Brasil para contratação de executivos, até o momento nenhum projeto de contratação foi cancelado.
"Nenhuma empresa suspendeu os pedidos de contratação desde o início da crise. O ritmo continua normal, inclusive com a entrada de novos pedidos nesta semana. Já contratamos executivos para duas indústrias que atuam no agronegócio nacional", afirma. O nome das empresas não pode ser divulgado em função de confidencialidade entre as partes.
Para Abrahams, no curto prazo o agronegócio sairá ileso em termos de novas contratações. Porém, é preciso esperar para precisar se essas contratações continuarão a ocorrer no próximo ano. "As grandes empresas estão fazendo ajustes para o próximo ano", disse.
Para o headhunter, o setor que poderá sofrer mais se a crise se prolongar é o sucroalcooleiro. "O mundo precisa comer, precisa de alimentos. Países como a China não poderão deixar de comprar grãos. Porém, para segmento sucroalcooleiro poderá haver uma redução na demanda", afirma.
Abrahams diz ainda que o dólar elevado favorece as exportações de commodities e também os investimentos de grupos estrangeiros no Brasil, pois o país seria o mais viável para aportes em empresas do setor.
"O próximo ano será bom para o agronegócio se o dólar se mantiver no patamar de R$ 2,10, continuaremos com a vida normal. Mas, se o dólar ficar deprimido e a crise afetar a macroeconomia, podemos ter uma redução nos investimentos no setor agro", comenta.
Segundo o executivo, o setor que deve sentir com maiores efeitos a crise é o de eletroeletrônicos, pois utiliza muitos componentes importados cotados na moeda norte-americana.
"O setor de eletroeletrônicos tem que ficar alerta. Só haverá contratações se forem muito necessárias até o final do ano".
Quanto ao agronegócio em si, Abrahams comenta que os insumos, principalmente os fertilizantes e sementes, ficaram mais caros com o dólar elevado e isso irá impactar os custos do produtor. "Com o encurtamento da liquidez, o dinheiro terá um custo mais caro para financiar as duas próximas safras", afirma.
Veículo: DCI