A análise da indústria em bases trimestrais ao longo de 2010 revela movimentos bastante distintos. Há uma fase de nítida expansão, com um início de ano de forte impulso na atividade (3,1% ante o período anterior), apoiado sobretudo no desempenho de bens de consumo duráveis, seguida por um período em que a indústria manteve o sinal positivo, mas a uma taxa mais moderada, crescendo 1,1% no segundo trimestre de 2010.
Na segunda metade do ano o patamar de produção ficou virtualmente estagnado, como mostram os índices da produção global da indústria do terceiro e quarto trimestres, de -0,6% e -0,1% respectivamente. Em linha com esses resultados, os indicadores qualitativos sobre a percepção dos empresários industriais mostravam o índice de confiança em patamar elevado, mas também relativamente estabilizado no segundo semestre.
Então, o que ressalta na performance industrial especialmente a partir da segunda metade de 2010 é um claro descolamento em relação às tendências apontadas em outros indicadores, que informam sobre uma demanda interna relativamente aquecida: os índices que medem a evolução das vendas no varejo sustentaram sinais positivos na segunda metade do ano; as taxas de desemprego também bateram recordes.
Num contexto de câmbio apreciado, o descasamento entre a produção industrial e outros indicadores, sugere uma crescente participação de importados no consumo interno. Nesse sentido, vale destacar que o quantum das importações cresceu 39,8% em 2010 ante um aumento de 10% no quantum exportado.
Veículo: O Estado de S.Paulo