O primeiro trimestre de 2011 está sendo marcado por inflação elevada, superando as expectativas de mercado.
O IPCA de janeiro registrou alta de 0,83% e ficou ligeiramente acima de nossa projeção (0,78%). A principal contribuição veio do grupo transportes, pressionado pelos reajustes de ônibus.
As notícias relacionadas aos preços trazem sinais de continuidade de pressões nos diversos índices.
O cenário para 2011 continua preocupante. As commodities agrícolas devem mostrar forte valorização. Tal movimento é impulsionado pelo crescimento dos emergentes e amplificado por movimentos especulativos, em razão da atratividade das commodities em um cenário de juros ainda reduzidos no mundo desenvolvido.
Além disso, as expectativas de mercado para a inflação mostram trajetória de aceleração desde o começo de agosto de 2010.
A mediana das projeções para o IPCA de 2011 teve sua alta acentuada de 5,64% para 5,66% no último boletim Focus. Para 2012, a mediana das expectativas recuou de 4,70% para 4,61%. Apesar da queda, o quadro é complicado em razão da deterioração corrente que leva inércia à inflação do próximo ano. Essa piora de todo o quadro inflacionário motivou a revisão da projeção do IPCA de 2011, de 5,5% para 5,9%.
Como consequência, a expectativa para o ciclo de alta da taxa básica de juros total neste ano é de dois pontos percentuais.
O cenário atual considera mais três altas consecutivas na Selic, levando a taxa a 12,75% no início de junho.
O objetivo principal seria trazer a inflação de 2012 em direção à meta, dado que seria demasiadamente custoso atingir esse objetivo em 2011 (seria necessário um aperto monetário muito maior).
Veículo: Folha de S.Paulo