Os mercados interno e externo brasileiros registram perdas pela concorrência chinesa, segundo a pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). De acordo com os números, 67% das companhias exportadoras do País perderam clientes e 45% das empresas que competem com grupos chineses perderam participações no mercado doméstico.
O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, defendeu que o governo deve tomar todos os caminhos possíveis para proteger, mesmo que temporariamente, os setores mais afetados pela concorrência chinesa.
Ele citou o aumento de tarifa de importação, a maior integração nos trabalhos da Secretaria de Comércio Exterior e da Receita Federal de valoração aduaneira e comparação de preços para evitar fraudes no desembaraço das mercadorias, além da intensificação de medidas para combater a concorrência desleal.
"Se perdemos mercados para a China, geramos menos empregos e menos renda. As empresas brasileiras têm suas estratégias próprias, mas o País tem que ser mais competitivo e buscar melhores condições para atrair a abertura de novas empresas, tanto brasileiras quanto estrangeiras", afirmou o gerente executivo.
Das mais de 1,5 mil empresas consultadas, uma em cada quatro alega que a concorrência chinesa afeta a participação na economia do País. Na divisão por porte empresarial, as grandes empresas são as que mais sofrem com a entrada de produtos provenientes do outro lado do mundo, com 41% de competitividade; seguido pelas de porte médio, com 32%; e das pequenas empresas, com 24%. Embora as pequenas empresas estivessem menos expostas à concorrência com produtos chineses foi esse grupo de companhias que mais sofreram impacto da concorrência.
Segundo a CNI, dentre os setores mais afetados internamente estão: material eletrônico e comunicação, têxteis, equipamentos hospitalares e de precisão, indústrias diversas, calçados e máquinas e equipamentos.
No caso das indústrias de material eletrônico e de comunicação e têxteis, a competição é mais intensa: mais de 70% das empresas dos setores concorrem com produtos chineses.
"Como o iuane tem sua cotação atrelada ao dólar, a valorização do real em relação à moeda norte-americana tem sido o fator determinante para que produtos brasileiros percam mercado para os chineses tanto no mercado internacional quanto no Brasil", afirma Castelo Branco.
Cenário internacional
A competição com produtos chineses é ainda mais acirrada no mercado internacional. Das empresas que concorrem com os produtos chineses, 67% registram perda de clientes para a China e 27% mantiveram ou até aumentaram o número de clientes, mesmo com a presença chinesa.
Como no mercado doméstico, as grandes empresas exportadoras estão mais expostas à concorrência chinesa do que as médias e pequenas empresas, mas são as últimas a perderem mercado para produtos chineses. Frente a este resultado, 4,3% das médias e 9,2% das pequenas empresas deixaram de vender ao exterior.
A perda de mercado no exterior para produtos chineses é significativa para os setores têxteis, máquinas e equipamentos e produtos de metal. Nesses setores, 80% ou mais das empresas exportadoras registraram perda de clientes externos para a China. No setor calçados, 21% das empresas deixaram de exportar.
Metade das empresas industriais brasileiras já definiu uma estratégia para enfrentar a competição com produtos chineses. Algumas empresas (20%) - sobretudo as grandes - têm disposição em transferir ao menos parte de sua produção para a China.
Quase metade (48%) vai investir em qualidade e/ou design de produtos e outros 45% assinalaram a redução de custos e/ou ganhos de produtividade.
Castelo Branco lembrou que os custos de produção na China são menores do que no Brasil, dentre as razões estão os salários baixos e encargos sobre a folha de pagamentos, a menor tributação e burocracia para exportação, a melhor eficiência de infraestrutura e a maior escala de produção.
Veículo: DCI