EUA e Brasil preparam frente contra controle de preços

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Secretário do Tesouro dos EUA vem ao Brasil debater tema que deve ser discutido no encontro do G-20, em Paris

 

Os Estados Unidos querem formar uma frente com o Brasil contra a proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de adoção de controle sobre o aumento de preços das commodities agrícolas.

 

Esse será um dos principais temas da reunião ministerial do G-20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes, marcada para o período de 17 e 19 em Paris. A aliança entre dois dos maiores produtores mundiais de alimentos será proposta pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, à presidente Dilma Rousseff na segunda-feira.

 

Como preparação para o encontro do G-20, Geithner pretende ainda extrair um apoio mais claro do Brasil à campanha dos EUA em favor da mudança na política cambial da China. O objetivo americano tem sido deter - e reverter - a desvalorização artificial do yuan. Nos últimos meses, o Ministério da Fazenda passou a adotar um discurso mais próximo ao americano nessa questão. Uma autoridade do Departamento do Tesouro afirmou ao Estado ser este "um bom momento para o Brasil e os EUA trabalharem juntos no desafio de administrar os riscos ainda presentes ao crescimento da economia mundial". Entre eles, os provocados pelo desvio da política cambial chinesa das regras de mercado.

 

Carta. No caso dos controles sobre os preços das commodities, o apoio do Brasil será disputado entre EUA e, com menor chance, pela França. Na semana passada, Sarkozy enviou uma carta a Dilma Rousseff - sua primeira correspondência com a nova presidente - sobre sua prioridade no G-20 na redução da volatilidade e da especulação dos preços dos alimentos. Sarkozy defende a adoção de medidas de transparência e de limites aos valores das transações.

 

A iniciativa afetaria duramente os setores produtores do Brasil e dos EUA -- bem como da Argentina e do Canadá. Os planos de safra já se adequaram à perspectiva de preços mais elevados, em função do aumento da demanda mundial em um ambiente de maior crescimento econômico. Para países como os EUA e o Canadá, nos quais uma quebra de safra por razões naturais chega a atingir 50% a 70% da colheita, essa mudança seria ainda mais nociva.

 

A mesma autoridade do Tesouro americano afirmou haver boa vontade dos EUA em relação à maior transparência no mercado de commodities. Mas o controle de preço não será aceito. "Queremos trabalhar com o Brasil e outros países para fortalecer o mercado de commodities, conferindo maior transparência aos preços, em vez de impor limites aos contratos comerciais", afirmou. "Brasil e EUA podem se beneficiar com isso."

 

No âmbito global, o Tesouro americano preocupa-se particularmente com a pressão inflacionária em países emergentes que apresentaram forte aquecimento da atividade no último ano, como é o caso do Brasil e da China. Esse seria outro sério risco à continuidade da atual fase de recuperação da economia mundial. A incerteza sobre o comportamento do preço do petróleo, sujeito à pressão do aumento da demanda e também aos efeitos da crise do Egito, também assombra os economistas.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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