Metade das empresas muda estratégia para enfrentar concorrência chinesa

Leia em 2min 30s

Sondagem da CNI mostra que até companhias que ainda não competem com a China apostam em outros atrativos para seus produtos

 

O pânico ante a invasão chinesa no mercado mundial é tão disseminado na indústria brasileira que até mesmo as empresas que ainda não enfrentam a concorrência dos asiáticos já bolaram estratégias para lidar com a competição.

 

De acordo com a Sondagem Especial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), metade das empresas nacionais se movimenta para tentar contrapor as vantagens de preço que os chineses oferecem aos consumidores, apostando em outros atrativos.

 

A principal alternativa é o investimento em qualidade e design dos produtos, apontada por 48,4% das 1.529 empresas entrevistadas pela entidade em outubro do ano passado. Em segundo lugar, aparecem os esforços para redução dos custos nas linhas de montagem e aumento da produtividade.

 

Cerca de um terço das companhias, ainda, planejam investir em imagem, diferenciando suas marcas das concorrentes asiáticas por meio de ações de marketing mais agressivas. Outra alternativa, estudada por 27% das empresas, é apostar no lançamento de produtos, para contrapor a variedade crescente de mercadorias chinesas que têm invadido as prateleiras mundo a fora.

 

Migração. "Se não pode vencê-los, junte-se a eles". Seguindo o velho provérbio, 13,2% das companhias entrevistadas consideram a opção de buscarem parcerias com empresas da China para tentarem sobreviver no mercado. Outros 10% foram ainda mais longe e já abriram fábricas próprias em solo chinês, principalmente nos setores de veículos, máquinas e equipamentos, materiais elétricos, eletrônicos e de comunicação.

 

Para o secretário de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o movimento pode fazer sentido, do ponto de vista empresarial, mas é ruim para o setor industrial como um todo. "Significa perda de emprego no País, além de menor geração de tributos", avalia.

 

Segundo ele, as estratégias empresariais são válidas, mas dependem de uma ação mais efetiva de defesa comercial das autoridades brasileiras, além do combate à questão cambial. "É preciso ter menos dependência da taxa de juros para controle da inflação, pois o diferencial de juros brasileiro favorece a entrada de dólares e pressiona ainda mais a cotação da moeda", completou.

 

O coordenador de sondagens conjunturais da FGV, Aloisio Campelo Júnior, avalia que a agenda de reformas estruturais para melhorar a competitividade do parque produtivo brasileiro precisa andar com mais velocidade para que o câmbio deixe de ocupar papel tão preponderante nas relações comerciais entre os dois países. "Algumas coisas já foram feitas para melhorar a infraestrutura de portos e estradas, para reduzir a burocracia, mas ainda falta muito, sobretudo no que diz respeito à tributação da produção no Brasil."

 

Da mesma forma, acrescenta Campelo Júnior, não adianta o governo aumentar as barreiras comerciais sem que a indústria invista mais em modernização e inovação. "O protecionismo por protecionismo não leva a lugar nenhum", diz o economista.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

EUA e Brasil preparam frente contra controle de preços

Secretário do Tesouro dos EUA vem ao Brasil debater tema que deve ser discutido no encontro do G-20, em Paris &n...

Veja mais
Preço de alimentos tem maior alta em 21 anos, diz FAO

É o sétimo mês seguido de alta; entre dezembro e janeiro houve um acréscimo de 3,4% na cota&c...

Veja mais
A meta fiscal para 2011 encolherá de novo

Uma inflação maior do que a inicialmente prevista elevou o valor nominal do Produto Interno Bruto (PIB) no...

Veja mais
Produção industrial freia em 2011

Economistas cortam previsões de crescimento para a indústria depois da alta dos juros e do resultado decep...

Veja mais
Crescimento da demanda é atendido por importações

A análise da indústria em bases trimestrais ao longo de 2010 revela movimentos bastante distintos. H&aacut...

Veja mais
Arrocho já chega ao varejo

O varejo já sente os efeitos do "arrocho" no crédito fruto do aumento no recolhimento de depósitos ...

Veja mais
Venda à vista cresce mais que parcelada

O ano de 2010 já deixa saudades no segmento do comércio. Com a combinação de crédito ...

Veja mais
Mercosul paralisado

A primeira viagem internacional da presidente Dilma Rousseff foi para a Argentina, o que reitera a importância atr...

Veja mais
Gasto elevado impede meta de superávit

Mesmo com resultado primário surpreendente em dezembro, de R$ 10,853 bilhões, e diversas manobras cont&aac...

Veja mais