O acumulo de dívidas a pagar fez com que a inadimplência dos brasileiros aumentasse 24,8% em janeiro, em comparação com o mesmo período em 2010 - o maior crescimento anual desde julho de 2002.
Apesar da expansão, entre janeiro deste ano e dezembro de 2010, houve queda no índice de inadimplência entre consumidores, de 3,3%, segundo levantamento realizado pela Serasa Experian.
"Não podemos falar em tendência, ainda. Mas, provavelmente, a inadimplência deve crescer em março - mês de Carnaval, quando as pessoas gastam muito -, e período em que a última parcela de impostos, como IPVA, vence", afirma Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa.
Mesmo assim, o recuo registrado entre janeiro de 2011 e dezembro de 2010 mostra que a inadimplência do consumidor não conta com a mesma aceleração dos meses anteriores (foram oito altas mensais seguidas entre maio e dezembro de 2010).
"O primeiro mês deste ano reflete a abundância de crédito oferecido em 2010, de baixa qualidade. Isso significa que, muitas financeiras, principalmente, não analisam se o consumidor tem capacidade de pagamento. Apenas oferecem crédito a juros exorbitantes", analisa o economista Sandro Maskio, da Universidade Metodista de São Paulo.
De encontro a essa realidade, Almeida completa que o cadastro positivo é uma saída para que os consumidores não contratem empréstimos de forma fácil e não segura. "Financeiras e instituições bancárias poderão, por meio do sistema, verificar se a renda dos consumidores já está tomada por dívidas e verificar se são bons pagadores ou não."
PESO - Na decomposição do indicador, os cheques sem fundos foram os principais responsáveis pelo recuo do índice mensal, com queda de 13,4% e contribuição negativa de 1,7%. A inadimplência não bancária (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica e água), as dívidas com os bancos e os títulos protestados também contribuíram negativamente com 0,6%, 0,8% e 0,2%, respectivamente, para o recuo do indicador.
VALORES - Em janeiro, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o valor médio das dívidas com os bancos teve queda de 8,2% (média de R$ 1.281,12), representando a única modalidade com variação negativa. Já os cheques sem fundos, os títulos protestados e as dívidas não bancárias tiveram crescimento de 6,9%, 13,3% e 7,1%, respectivamente.
Veículo: Diário do Grande ABC