IBC-Br aponta alta de 0,71% em relação a dezembro; média de crescimento dos últimos 3 meses é de 1,10% ante 1,06% no período anterior
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), um termômetro mensal do ritmo da economia, acelerou em janeiro, registrando alta de 0,71% em comparação com dezembro.
O resultado surpreendeu o mercado e renovou as preocupações sobre o ritmo da economia e seu impacto na taxa de inflação, bem como as dúvidas sobre os impactos das medidas de aperto no crédito no controle do nível de atividade.
Em dezembro, o IBC-Br havia crescido apenas 0,10% em relação ao mês anterior.
Como os dados mensais oscilam muito, mesmo já se fazendo os ajustes sazonais (que excluem fatores típicos de cada período), um bom termômetro para se analisar o indicador do Banco Central é olhar a média de crescimento no trimestre encerrado em janeiro. Nesse caso, o IBC-Br subiu 1,1% ante os três meses anteriores (agosto a outubro), mostrando uma ligeira aceleração ante a taxa de 1,06% verificada no trimestre encerrado em dezembro.
Dentro do potencial. O ritmo do trimestre representa uma taxa anualizada em torno de 4,5% - desempenho que, em geral, o mercado e o BC consideram dentro do potencial do País. De qualquer forma, o índice reforçou os questionamentos dos analistas financeiros sobre as estratégias usadas para conter a economia e combater a inflação.
"Ao contrário do que o BC gostaria de testemunhar, o seu índice de atividade econômica aponta para a extensão de um ritmo robusto em 2011", afirmou o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos.
"O número de janeiro foi forte, especialmente diante do fato que a indústria andou de lado naquele mês", salientou. Para ele, o número mostra que é difícil dizer se as medidas adotadas pelo BC vão surtir efeito no controle da atividade econômica ou se apenas estão impactando o crédito sem alterar a dinâmica de crescimento do País.
Cuidado. Em relatório para clientes, o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, afirmou que o dado de janeiro mostrou alta maior que prevista pelo mercado. Mas, para ele, a crise japonesa deverá contribuir para o cenário do BC de desaceleração nos próximos trimestres e convergência dos preços.
"Essa parece ser a leitura refletida no mercado futuro de juros, que relativizou o crescimento das vendas do varejo acima do esperado, um mercado de trabalho ainda aquecido no curto prazo e o resultado do IBC-Br", diz Eduardo Velho.
Segundo uma fonte da área econômica, o dado do BC tem que ser lido com cuidado porque também é sujeito a erros. A fonte lembra que o indicador apontava um crescimento de 7,8% para o PIB no ano passado e o número correto foi menor, de 7,5%.
Para esse integrante do governo, as medidas macroprudenciais, de contenção de crédito, e a alta dos juros ainda não surtiram efeito, mas serão eficientes para conter a atividade. "É preciso distinguir crescimento de aquecimento econômico. Não há aquecimento", disse a fonte.
Outro integrante da equipe econômica disse que os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que economia cresceu abaixo do potencial nos últimos dois trimestres de 2010, desmontando a tese de risco de sobreaquecimento.
Veículo: O Estado de S.Paulo