Com os recordes de US$ 51,233 bilhões em exportações e US$ 48,060 bilhões em importações no primeiro trimestre de 2011, pela primeira vez na história, a corrente de comércio brasileira (soma de vendas e compras do exterior) acumulada em 12 meses ultrapassou a marca dos US$ 400 bilhões, ao chegar a US$ 405,310 bilhões entre abril de 2010 e março deste ano.
Além disso, as remessas continuaram crescendo mais do que as importações em março, ao contrário do que ocorreu ao longo de 2010. No mês, os US$ 19,286 bilhões em vendas ao exterior representaram um crescimento de 34,3% ante o mesmo mês do ano passado, enquanto as importações aumentaram 29%, para US$ 17,734 bilhões.
Entretanto, influenciados pela forte dinâmica dos preços internacionais das commodities, o peso dos produtos básicos na pauta de exportações brasileiras continuou a aumentar, em detrimento dos produtos industrializados, que detém desde 1979 a maior participação nas vendas ao exterior. Na comparação com março do ano passado, a parcela de matérias-primas saltou de 39,4% para 44,5% do total, de modo a ajudar a compor o saldo comercial brasileiro. No primeiro bimestre deste ano, o aumento das exportações se deveu à expansão de 25% nos preços e de somente 9% no volume embarcado.
Porém, para o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Alessandro Teixeira, a mudança de perfil nas exportações brasileiras é uma consequência direta também da estrutura positiva do País, que deve aproveitar o momento para fazer superávit comerciais. "Nos não assistimos só a uma commoditização da pauta, mas a um crescimento geral nas exportações. A situação preocuparia se houvesse uma queda nas vendas de industrializados, mas o que ocorre é um ritmo de crescimento menor nessa categoria", avaliou. "O importante é que não estamos perdendo mercados", completou Teixeira, ao citar a recuperação das vendas de manufaturados para a América Latina, África e Leste Europeu.
Ainda assim, admitiu o secretário executivo Mdic, há uma tendência de que as vendas de básicos continuem a ganhar espaço, de modo que pode até igualar a participação de industrializados. "Essa é uma tendência estrutural da economia internacional com a expansão da China e da Índia, que são fortes consumidores de produtos básicos", acrescentou Teixeira.
Veículo: DCI