Novo índice de inflação revela alta nos custos para indústria

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou ontem o Índice de Preços ao Produtor (IPP). Os dados divulgados foram referentes a fevereiro de 2011 e o acumulado do ano passado. Apesar de o segundo mês deste ano apresentar poucos dias úteis, o indicador já obteve a primeira alta desde novembro de 2010, ao variar 0,60%. Em janeiro, o índice variou 0,40%, e em dezembro, ficou em 0,43%. Ao comparar o resultado com o registrado em fevereiro do ano passado, os preços variaram 6,21%. O IPP mede a evolução dos preços de produtos "na porta de fábrica", sem impostos e fretes, de 23 setores da indústria de transformação.

 

O indicador acumulado de 2011 atingiu 1% em fevereiro. Entre as atividades que, em fevereiro, tiveram as maiores variações percentuais acumuladas, segundo o IBGE, destacam-se têxteis (alta de 7,63%) e outros produtos químicos (alta de 6,72%). No índice acumulado dos últimos 12 meses, os preços aumentaram 6,21% em fevereiro, variação menor que a observada em janeiro (6,88%).

 

"O IPP é um importante indicador que antecede o resultado das variações do IPCA", avalia o professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides leite. "Isto é, se os preços ao produtor aumentarem, estes serão repassados aos preços ao consumidor, que explicará uma maior pressão inflacionária", acrescentou. Para ele, o resultado de fevereiro deixa claro que a inflação neste ano caminha para um resultado mais próximo aos 6,5% - percentual máximo estabelecido para a inflação deste ano - do que ser possível alcançar a meta, de 4,5%. "As medidas, como o aumento da taxa Selic não foram suficientes para conter a inflação", diz.

 

No entanto, os técnicos do IBGE alertam que o índice não pode servir para previsões de índices de inflação, como o IPCA. "O que vai refletir no varejo é algo que vamos conhecer aos poucos. Parte disso vai para o varejo, mas também há a produção para a exportação. Por isso a relação não é direta", afirmou o gerente da pesquisa do IBGE Alexandre Pessoa Brandão. "O IPP é um índice de oferta, tanto para consumo interno, quanto para a exportação. E o IPCA é um índice de produto, que absorve a oferta nacional e a de importados", complementou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. "Não podemos precisar a decisão do produtor de repassar a elevação dos seus custos para os preços", ressaltou Brandão.

 

De acordo com o IBGE, o IPP será integrado ao cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), e assim completar as estatísticas econômicas do IBGE, formadas por dados de emprego, desemprego, inflação, entre outras pesquisas.

 

O gerente do IPP informou que as principais contribuições para a alta em fevereiro foram alimentos, veículos automotores, refino de petróleo e álcool, produtos químicos, metalurgia, máquinas e equipamentos, ao responderem por 65% do índice. "A alta desde julho está muito atrelada aos alimentos e outros químicos", explicou. Segundo ele, em janeiro, havia oito setores com reajustes superiores à média da indústria de transformação, e outros 25 com aumentos menores ou com variações negativas. Em fevereiro, foram 11 setores acima da média. "O conjunto com variações negativas é menor do que no período anterior", disse.

 

Brandão comentou também que os alimentos estavam positivos em 0,78% e passaram a ser negativos em 0,45% em fevereiro. "Isto porque esses preços estão em linha com os preços de commodities", disse. "Produtos ligados a commodities, com exceção de laranja, estão negativos. E houve uma queda na produção mundial no setor de laranjas, o que se reflete nos preços ", complementou o gerente do IPP.

 

De acordo com os números do IBGE, em fevereiro de 2011, 16 das 23 atividades pesquisadas, e que se referem à indústria de transformação, apresentaram altas de preços. Das quatro maiores variações do segundo mês do ano em relação a janeiro, a área de outros produtos químicos, sozinha, apresentou alta de 3,39% e respondeu por 0,36 ponto percentual do registrado no mês.

 

Além de outros produtos químicos, têxteis também teve alta significativa de 2,51%. As outras atividades que apresentaram grandes variações com relação a fevereiro de 2011 foram calçados e produtos de couro (2,46%) e vestuário e acessórios (2,03%).

 

Em 2010, os preços praticados pela indústria acumularam uma variação média de 8,04% em 2010. Segundo o IBGE, das 23 atividades pesquisadas, 20 registraram aumentos de preços no ano enquanto três registraram quedas. A influência mais importante veio da produção de alimentos (3,55 pontos percentuais).

 

Veículo: DCI


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