Governo faz mais uma tentativa de frear queda do dólar

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Na expectativa de novas restrições ao capital estrangeiro, moeda americana subiu, mas Fazenda só estendeu o IOF

Objetivos da medida são conter a valorização do real e a expansão da oferta de crédito no mercado doméstico

 

Em mais uma tentativa de conter a apreciação do real, o ministério da Fazenda decidiu ampliar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% nos empréstimos externos.

 

Empresas e bancos que tomarem dinheiro emprestado no exterior por prazos de um a dois anos também terão que pagar o imposto, que já é cobrado em operações com prazo inferior a um ano.

 

A medida foi anunciada no início da noite de ontem após um dia de expectativa.

 

O próprio ministro Guido Mantega (Fazenda) avisou no início da tarde que faria o anúncio de novas medidas cambiais.

 

Diante do receio de que as restrições fossem mais duras, o dólar fechou em alta de 0,31%, a R$ 1,61, depois de ter recuado a R$ 1,60.

 

Um dos objetivos da ampliação foi fechar a brecha que vinha sendo usada por investidores para pagar menos imposto e ganhar com as altas taxas de juros no país.

 

Muitas empresas e bancos captavam recursos no exterior pagando um custo mais baixo, já que os juros lá fora são menores que os do Brasil. Depois de trazer o dinheiro para o país, aplicavam ganhando a taxa Selic, em 11,75% ao ano, uma das mais altas do mundo.

 

Outro objetivo foi conter a oferta de crédito, já que o mercado internacional virou uma fonte de recursos baratos para os bancos.

 

Na semana passada, o governo estendeu o prazo para cobrança do IOF nos empréstimos até 360 dias (antes era cobrado nos financiamentos até 90 dias) e elevado a alíquota de 5,38% para 6%.

 

No entanto, segundo Mantega, o fluxo de dólares para o país continuou alto. "O governo tem que agir para evitar exageros", afirmou.

 

EFEITO COLATERAL

 

Segundo o Banco Central, a entrada de dólares no país superou a saída em US$ 35,6 bilhões no primeiro trimestre de 2011, maior valor da série iniciada em 1982.

 

O valor supera em 46% o volume de dólares que ingressou no país em 2010 e é também mais que o dobro do recorde anterior, verificado no mesmo período de 2006 (US$ 17,7 bilhões).

 


Questionado se a política do governo é divulgar medidas para conter o câmbio a conta-gotas, Mantega afirmou que o governo tem procurado agir com cautela.

 

"Claro que poderíamos tomar medidas muito mais drásticas, mas aí começa a ter efeito colateral [na economia]", disse. "Se restringirmos muito a tomada de crédito no exterior, podemos afetar o investimento. Temos que ser cautelosos."

 

Veículo: Folha de S. Paulo


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