Pesquisa mostra que em 53% dos lares brasileiros os gastos superaram em 1% a renda ao longo de 2010.
Os gastos das famílias superam a renda em 53% dos lares. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Nielsen, Kantar WorldPanel e FGV, Tendências do Consumidor, a pedido da Associação Paulista de Supermercados (Apas). Conforme o estudo, a renda do trabalhador, de R$ 2.146, foi menor do que o gasto médio, de R$ 2.171, totalizando um endividamento médio de 1% acima do ganho em 2010. O déficit não era registrado desde 2005, quando chegou 3%.
A Apas aponta que a maior oferta de crédito impulsionou o consumo das famílias. A pesquisa mostra que, ante 2009, os gastos mensais em 2010 apresentaram alta de 16%, enquanto a renda média subiu 13%. Mesmo assim, a expectativa do setor é positiva, já que, neste ano, o total de pessoas que integram a classe C (41%) será maior que o da classe D e E, de 36%. Em 2010, os números eram de 38% e 39%, respectivamente.
O presidente da entidade, João Galasse, acredita que a renda continuará a crescer em 2011, ainda que em um ritmo menor. "Isso servirá de aprendizado para o setor supermercadista que terá de lidar com essas novas classes consumidoras", diz.
"As classes D e E são as grandes consumidoras do momento", explica o diretor de economia e pesquisa da Apas, Martinho Paiva. "Em 2010, a estabilidade econômica foi um convite aos consumidores, que usaram crédito para comprar bens de consumo, que não tinham acesso. O desejo de comprar e a oferta de financiamentos fizeram com que a população se endividasse", acrescenta Paiva.
O levantamento foi divulgado ontem, durante o 27º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados – APAS 2011, que acontece até a próxima quinta-feira no Expo Center Norte.
Inflação – A inflação deve afetar os resultados dos supermercados brasileiros neste ano. A estimativa é da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que prevê um crescimento de 4% no faturamento, em 2011 em relação ao ano passado. O percentual fica abaixo do 7,5% de crescimento obtidos 2010 em comparação a 2009 – o maior desde 1990. Para compensar a desaceleração, de acordo com o presidente Abras, Sussumu Honda, o setor aposta na alta na renda e na oferta de vagas no mercado de trabalho.
"A inflação corrói o poder de compra", afirma Honda.
Em 2010, o setor respondeu por 5,5% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB), com um faturamento nominal de R$ 201,6 bilhões, o que representa um crescimento de 14% (nominal, sem descontar a inflação) em comparação ao ano anterior, de R$ 177 bilhões. O Estado de São Paulo é o principal responsável pelo resultado do segmento. O faturamento nominal no ano passado foi de R$ 61,3 bilhões, com aumento de 3,5% em comparação a 2009. O total de funcionários cresceu 1,5%; e o de lojas, 3,5%, para 15.844 unidades. "O endividamento não preocupa. As pessoas vão saber equilibrar as receitas e as despesas, e cobrir o 'rombo' com a renda maior, diz o presidente da Abras.
Veículo: Diário do Comércio - SP