Argentina ''devolve'' produto brasileiro

Leia em 2min 50s

Mais de US$ 5,2 milhões em balas, chocolates e confeitos brasileiros estão no depósito dos importadores. Brasil cogita retaliação

 

A Argentina está ameaçando "devolver" balas, chocolates e confeitos vendidos pelo Brasil. Cerca de 15 fabricantes brasileiros já têm mais de US$ 5,2 milhões em mercadorias paradas nos depósitos dos importadores. A situação irritou o governo Dilma Rousseff, que estuda tomar medidas mais duras contra o país vizinho.

 

Segundo fontes do setor privado brasileiro, o Instituto Nacional de Alimentos (Inal) da Argentina interrompeu - sem explicar os motivos - a concessão dos certificados sanitários necessários para que os produtos circulem no país. O Inal é o equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil.

 

Nos últimos dias, um outro órgão do governo argentino, a Administração Federal de Ingressos Públicos (Afip), começou a notificar os importadores de que seus produtos estavam em situação irregular. A Afip informou que, dentro de 30 dias, os produtos devem ser devolvidos ao Brasil ou será cobrada uma multa equivalente a até cinco vezes o valor da mercadoria.

 

A situação criou um impasse para as empresas brasileiras. Fontes ouvidas pelo Estado dizem que as ordens para dificultar a circulação dos produtos partiram do secretário de Comércio Interior da Argentina, Guilhermo Moreno. Com os depósitos lotados e preocupados com as incertezas, os importadores já estariam cancelando pedidos.

 

Não é a primeira vez que os produtos alimentícios brasileiros enfrentam dificuldades na Argentina. No ano passado, a entrada dessas mercadorias foi barrada na fronteira, provocando filas de caminhões e prejuízos, como o vencimento da validade dos produtos e altos gastos com refrigeração. Agora, para evitar a mídia negativa, os argentinos adotaram outro expediente.

 

O setor privado já procurou o governo brasileiro. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) enviou uma carta ao Ministério do Desenvolvimento pedindo medidas para lberar a circulação dos produtos.

 

"Do ponto de vista da Fiesp, o limite de tolerância já superou o suportável. Achamos que a única forma de resolver é com retaliação. E é isso que vamos propor", disse Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Comércio Exterior (Decex), da Fiesp.

 

Gota d"água. Somados a outros problemas que os produtos brasileiros estão enfrentando nesse mercado, a medida foi a "gota d"água" para o governo brasileiro, que se prepara para tomar medidas contra vizinho. "O clima é de retaliação, mas a decisão ainda não foi tomada", disse uma fonte do governo.

 

Há uma frustração crescente entre os auxiliares de Dilma com as arbitrariedades da Argentina. Em fevereiro, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, esteve em Buenos Aires. Na época, a ministra da Indústria, Débora Giorgi, assumiu o compromisso de não prejudicar os produtos brasileiros. Como os argentinos não cumprem o prometido, a visão no Brasil é de que não adianta conversar.

 

No domingo passado, empresários do setor de balas, chocolates e confeitos se encontraram com o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, durante evento da Fórmula Indy, em São Paulo. E aproveitaram para reclamar do problema. "É o fim do diálogo. Vamos partir para a ação", disse Teixeira.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Alimentos recuam e inflação cresce em bens consumo

Depois de pressionar a inflação e "obscurecer" o papel da demanda interna no aumento de preços, a r...

Veja mais
Inflação: Mantega pede ajuda ao setor produtivo

Segundo empresários, ministro pediu a não criação de repasses, sob pena de afastar a pol&iac...

Veja mais
Preço da cesta básica cai em 14 capitais, mostra Dieese

O preço da cesta de itens de alimentação apresentou queda, em abril, em 14 das 17 capitais onde o D...

Veja mais
Cesta básica em São Paulo é a mais cara do Brasil, diz Dieese

A cidade de São Paulo permaneceu em abril no posto de capital com a cesta básica mais cara do Brasil. Segu...

Veja mais
Carga pesada e bitributação afastam exportadores do País

Empresas brasileiras fecham suas portas ou instalam unidades em outros países frente aos complexos e caros impost...

Veja mais
Inflação esfria as vendas do Dia das Mães

Comércio deve ter alta tímida no faturamento, de 6% a 7%, e gasto médio será o mesmo de 2010...

Veja mais
Crédito à classe C pode ser bomba-relógio

Para diretor do Itaú Unibanco, uma das formas para minimizar riscos é a instituição do Cadas...

Veja mais
Inflação e mão de obra preocupam executivos

Dois focos de pressão sobre os custos das companhias preocupam os principais dirigentes de empresas do paí...

Veja mais
Aumento da renda dos mais pobres empurra os preços

Especialistas alertam para o fato de que há uma massa salarial diferenciada que não está sendo estu...

Veja mais