Para diretor do Itaú Unibanco, uma das formas para minimizar riscos é a instituição do Cadastro Positivo.
Segundo especialista do Data Popular, a classe C já corresponde a metade da população brasileira.A atual facilidade no processo de concessão de crédito, aliada a uma taxa de juros ainda considerável e à falta de conhecimento dos consumidores da classe C – que muitas vezes não fazem a conta, para saber o quanto estão pagando a mais ao parcelar suas compras – pode ser uma autêntica bomba-relógio. E, contra essa combinação de fatores, nem as medidas do governo federal para conter a alta da inflação poderão fazer efeito. A análise partiu do superintendente da diretoria de crédito e recuperação de clientes do Itaú Unibanco, Eduardo Linhares.
Uma das saídas para evitar um cenário pessimista, segundo Linhares, é mudar as regras atuais do mercado – e, na sua opinião, uma importante contribuição seria aprovar a criação do Cadastro Positivo. "A ferramenta seria bastante útil para auxiliar o cálculo do risco.
O mercado só tem a ganhar com ela. Atualmente, a taxa de inadimplência na minha área, de cartão de crédito, é de 8%. O índice não é alarmante, mas precisa ser acompanhado", afirmou o diretor. Ele participou ontem do Encontro IRC + Forum Wistrik, que debateu o futuro do crédito no Brasil. Um dos patrocinadores do evento foi a Boa Vista Serviços (BVS), empresa ligada à Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que administra o Serviço Central de Proteção ao crédito (SCPC).
Para o diretor da CredSystem, Alexandre Lara, o Cadastro Positivo não é só uma forma de compartilhar informações. Será analisada a capacidade de pagamento do consumidor, com dados levantados de seu passado – inclusive o valor da renda que ainda está comprometido com dívidas já assumidas. "É uma forma de saber se o cliente tem condições de absorver o crédito que está pedindo", disse.
O crescimento da classe C foi um dos principais tópicos do evento. Para o diretor do Instituto Data Popular, especializado em baixa renda, Márcio Falcão, essa fatia da sociedade corresponde atualmente a 50% da população brasileira. São famílias que têm renda situada entre três e dez salários-mínimos por mês. "A previsão é de que esta fatia da população represente 58% do total até 2014", avaliou.
Veículo: Diário do Comércio - SP