Pela primeira vez em oito semanas, projeções para o indicador estão mais baixas; aposta é de 6,33% para 2011
Variações menores de preços de alimentos e combustíveis, como o álcool, tendem a aliviar o bolso do consumidor
Depois de oito semanas seguidas apostando em uma taxa de inflação cada vez mais alta para o ano, economistas ouvidos pelo Banco Central cederam e, pela primeira vez, reduziram suas estimativas para o índice.
Segundo a pesquisa Focus, feita semanalmente, a maior parte dos agentes do mercado espera que a inflação ficará em 6,33% no ano, contra estimativa de 6,37% na semana anterior.
O resultado se deve ao fato de que a inflação de abril ficou abaixo da esperada. Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,77%.
Economistas previam uma variação de 0,81% no período, e tiveram que ajustar suas estimativas.
Segundo Silvio Campos Neto, economista da Tendências, aspectos sazonais favoráveis, como a acomodação no preço dos alimentos e a queda esperada dos combustíveis, em função da safra da cana-de-açúcar, devem ajudar a reduzir a inflação.
Ele espera que o indicador fique abaixo de 0,50% nas próximas medições mensais.
"Mas isso ainda não sinaliza uma mudança na visão dos agentes. O estrago já foi feito e essa melhora não mostra que a batalha está ganha", avalia.
DESACELERAÇÃO
A Fundação Getulio Vargas divulgou ontem que os preços no atacado já começaram a desacelerar, o que poderá suavizar os repasses para os consumidores nos próximos meses.
O IGP-DI (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna) de abril subiu 0,50%. Os preços do atacado, que têm forte peso na composição do índice, subiram 0,24%, ante 0,60% no mês anterior.
O economista da FGV Salomão Quadros explicou que a alta das commodities agrícolas já chega perto de um limite. Segundo ele, a expectativa é que haja um período de estabilização das cotações, e que alimentos pressionem menos daqui para a frente.
Veículo: Folha de S.Paulo