Alta nos custos afeta pequena empresa

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Companhias de menor porte são penalizadas por não conseguirem estocar grande quandidade de insumos.

 

Embora a formação de estoques tenha permitido que a maioria dos setores industriais mantivessem o preço final das mercadorias, mesmo diante da inflação, a alta nos custos prejudicou severamente as empresas de menor porte. Por não terem capital para comprar grandes quantidades de insumo, elas tiveram que adquirir matérias-primas a um custo maior e não puderam repassar o aumento ao mercado em função da concorrência com produtos importados.

 

"O desempenho que calculávamos para este ano ficou comprometido", afirma o vice-presidente do Sindicato da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindinova), Júnior César Filho. O polo do Centro-Oeste do Estado é formado, principalmente, por pequenas e médias fábricas.

 

Segundo ele, a entidade projetava um crescimento real de 5% para 2011, já descontados os efeitos inflacionários. "Mas não acredito que atingiremos o percentual, mesmo com um desempenho melhor no segundo semestre, quando a produção é mais aquecida em razão das vendas de fim de ano. No primeiro trimestre, apresentamos retração de 2% frente o mesmo período de 2010", observa.

 

Conforme ele, grande parte da matéria-prima é sintética e provém do petróleo, uma das commodities que mais se valorizaram neste ano. César Filho calcula que a elevação no preço dos insumos do setor chegou a 7%. "E ainda houve um acordo salarial que também encareceu o custo da mão de obra em mais 7%", destaca.

 

O resultado foi a queda no ritmo de produção. Conforme o dirigente, como o segmento não tem condição de reajustar os preços, para não perder ainda mais espaço no mercado para os similares asiáticos, alguns turnos de produção já foram suspensos pelas fábricas.

 

As pequenas e médias indústrias do setor têxtil também não conseguiram atravessar incólumes o período de entressafra do algodão, que fez com que o preço da fibra, que é uma commodity, mais do que dobrasse, atingindo R$ 4 por libra-peso. "Para contornar a situação, as empresas tiveram de praticamente parar de produzir, concedendo férias coletivas e diminuindo turnos", explica o presidente do Sindicato da Indústria da Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais, Adelmo Percope Gonçalves.

 

Já as grandes conseguiram planejar e montar um estoque elevado do insumo antes do aumento dos preços. "Na época em que os estoques estavam sendo compostos, o preço ainda girava em torno de R$ 1,80 a R$ 2,50 por libra-peso de algodão, o que fez com que os valores das mercadorias finais não precisassem ser reajustados", esclarece Gonçalves. Ele estima que o segmento registre crescimento de cerca de 8% até o final do ano.

 

A estratégia da Vilma Alimentos, marca controlada pela Domingos Costa Indústrias Alimentícias S/A, com sede em Contagem, também consiste na composição de níveis de estoques elevados. "Nossos insumos principais são duas commodities: açúcar e trigo. Como já sabemos da oscilação dos preços no mercado global, em função dos períodos de safra e entressafra, nos planejamos para não termos de adquirir as mercadorias durante o período de escassez", afirma o vice-presidente de Vendas, Marketing e Compras, César Tavares.

 

O planejamento da companhia vai além da compra das matérias-primas. A Vilma Alimentos concluirá, neste ano, a construção de dois silos de trigo, sendo um no Paraná e outro em São Gotardo, no Alto Paranaíba. Foram investidos R$ 20 milhões para aumentar a capacidade em 50 mil toneladas por ano. "É o que nos permite comprar grandes quantidades a um preço menor no período de safra, o que proporciona estabilidade de custo e competitividade", afirma.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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