Margem de preferência é um paliativo

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Setores têxtil e calçadista no Estado não acreditam que medida irá conter a invasão de chineses.



Produtos do setor têxtil e de confecções poderão custar até 8% mais do que os importados, que terão preferência nas licitações

Mesmo o governo federal garantindo a preferência à indústria nacional nas licitações públicas para a compra de uniformes, calçados e artefatos para o Exército, estudantes e profissionais de saúde, os sindicatos que representam os setores têxtil e calçadistas em Minas Gerais não acreditam que tal medida irá conter a invasão de produtos chineses no país.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (Sift-MG), Adelmo Percope, a iniciativa é positiva, mas abrange apenas as compras públicas. "O setor privado vai continuar priorizando os chineses, já que não temos como competir com eles em função do custo Brasil e do câmbio valorizado", afirmou.

Na última quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, anunciou que o decreto será publicado no dia 4, que cria uma margem de preferência de até 25% nos processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais.

Já os produtos dos setores têxteis e confecções, assim como calçados, poderão custar até 8% mais do que os importados, que, mesmo assim, terão a preferência nas concorrências públicas.

"Isso ajuda, apesar de ser um percentual pequeno, mas há outras questões muito importantes que ficaram de fora da medida, como a desoneração de encargos sociais sobre a folha de pagamento, o que seria uma ferramenta de aumentar a competitividade", disse.


Licitações - Ele revelou, ainda, que os 8% serão insuficientes para que as empresas nacionais vençam os asiáticos nas licitações, por causa da alta carga tributária e do câmbio. "O dólar mais alto tem sido um alívio, mas ainda não dá para saber se esse patamar de R$ 1,80 vai permanecer. Caso isso aconteça, teremos ganhos de 15% na receita de exportações", ressaltou.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG), Jânio Gomes, a medida do governo foi o "primeiro passo", mas também defende que é preciso adotar ações mais efetivas para conter a concorrência desleal dos estrangeiros.

"Não é ideal ainda. O governo precisa reduzir impostos. A alta do dólar também favorece a nossa indústria, mas é preciso salientar que o foco do setor calçadista mineiro é mais o mercado interno", afirmou. Ele também elogiou o Plano Brasil Maior, que foi lançado pelo governo há quase dois meses e contém estratégias para impulsionar a indústria nacional. "Mostra que o governo está preocupado", disse.

Por outro lado, algumas medidas que integram o Plano Brasil Maior são polêmicas e não vêm sendo questionadas pelos setores. Entre elas, está a que desonera os empresários da contribuição para o INSS, que representa 20% do valor gasto com o salário dos funcionários. A questão é que para compensar parte da perda de receita, o governo decidiu criar um novo tributo que incidirá sobre o faturamento das companhias. Para as empresas dos setores têxtil e calçadistas, o novo tributo terá alíquota de 1,5%.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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