O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a economia brasileira crescerá 4% em 2009. Isso representa uma revisão para baixo em sua estimativa anterior que apostava que a economia cresceria entre 4% e 4,5% no próximo ano. O secretário de Política Econômica (SPE) do ministério, Nelson Barbosa, avisou que o novo parâmetro será colocando na proposta orçamentária para 2009, em tramitação no Congresso Nacional.
O secretário, entretanto, nega haver divergências entre os ministérios da Fazenda e do Planejamento que esta semana anunciou que a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) seria para "algo entre 3,7% e 3,8%", ante 4,5% na proposta orçamentária anterior. Com isso, o Planejamento prevê redução de R$ 15 bilhões na receita do próximo ano.
Sobre a diferença de projeção, o secretário disse que "foi uma falha de comunicação interna". Ele explicou que isso ocorre porque o governo faz diferentes projeções para o desempenho da economia. "Fazemos vários cenários em reunião conjunta entre Casa Civil, Fazenda e Planejamento", afirmou.
Ainda assim, a estimativa do governo é bem otimista em relação a de analistas de mercado que prevêem incremento no máximo de até 3% no próximo ano. O secretário da SPE afirmou que a economia brasileira terá condições de crescer 4% no próximo ano, porque o governo já conta com o carregamento de crescimento de 1,7% do PIB deste ano para 2009. "Quem prevê uma taxa de 2% vê um cenário muito pessimista (catástrofe)", avaliou o secretário.
A previsão de Mantega é de crescimento de 5% para a economia neste ano e 4% em 2009, mesmo diante da crise internacional. "Fazendo todo o trabalho (das medidas implantadas pelo governo) temos condições de garantir um crescimento de 4%", diz Mantega.
Mantega explicou que o governo adotará uma política anticíclica no próximo ano para reduzir o impacto da crise internacional no Brasil. Tal política, prevê a preservação dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e existe a expectativa de flexibilizar a política monetária, principalmente a partir do segundo semestre de 2009, uma vez que a tendência mundial é de redução de juro.
Com isso, a Fazenda avalia que a redução da Taxa Selic (hoje em 13,75% anuais) pode incentivar os investimentos produtivos ao longo dos próximos dois anos, a partir de 2009. Para 2010, o ministro mantém a previsão de crescimento do PIB em 5%. Porém, a própria Fazenda assinala que uma possível redução da Selic depende da inflação e do comportamento da taxa de câmbio. Barbosa afirmou que o provável impacto da crise internacional na atividade econômica e nos investimentos no Brasil foi o que pesou na alteração da estimativa do crescimento do PIB para 2009.
O secretário afirmou que o superávit primário que acumula 4,5% do PIB nos últimos 12 meses (até setembro) dá margem para fazer investimentos na economia. A cifra está acima da meta de 4,3%, já incluindo o 0,5% para o fundo soberano. "Existe uma gordura (para queimar) no superávit primário", disse Barbosa. Segundo ele, a alteração da meta do superávit primário para 2009 está em estudo. A meta atual é de 3,8% do PIB mais 0,5% para o Fundo Soberano. "A meta para o próximo ano pode ficar em 4,3%, se a situação econômica permitir, ou em 3,3% do PIB".
Veículo: Gazeta Mercantil