Intenção de compra no 1º trimestre é a menor em três anos

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Segundo pesquisa do Provar, 60,6% dos consumidores planejam comprar entre janeiro e março, ante 71,8% em 2011



Apesar de todo esforço do governo para estimular a demanda e garantir o crescimento econômico em níveis satisfatórios, o consumidor não dá sinais de que comprará de forma vigorosa. A intenção de consumo de bens duráveis, artigos de vestuário e viagens para o primeiro trimestre de 2012 é a menor em três anos para esse período, revela pesquisa do Provar em parceria com a Felisoni Consultores Associados, que ouviu 500 consumidores na cidade de São Paulo.

De acordo com a enquete, 60,6% dos entrevistados informaram que planejam ir às compras desses itens entre janeiro e março deste ano. Em igual período de 2011, esse indicador era de 71,8%; em 2010, de 77,2%; em 2009, 66,6%; e em 2008, de 56,6%.

"Vai haver uma freada no consumo neste início de ano", afirma o presidente do Conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo. De acordo com o modelo estatístico desenvolvido pela consultoria, as vendas em 12 meses até março deste ano deverão ter um crescimento equivalente a um quarto do que foram no mesmo período do ano passado. Entre março de 2010 e março de 2011, o acréscimo foi de 12,9%. Agora, ele prevê um acréscimo de 3,2% entre março do ano passado e março deste ano.

Entre os motivos para a perda de fôlego das vendas, apesar do fortalecimento do emprego e da renda dos trabalhadores, está o alto nível de endividamento e inadimplência que, associado com a inflação elevada nos últimos meses, reduziu o poder de compra da população.

Segundo a pesquisa, 18,4% da renda familiar está hoje comprometida com pagamento de crediários e sobram para gastar 10,2% das receitas. No primeiro trimestre do ano passado, o paulistano tinha 15,5% da renda comprometida com crediários e 15,7% livres para gastar. No quarto trimestre de 2011, esses indicadores eram 14,3% e 13,2%, respectivamente. Felisoni observa que, em março do ano passado, a inadimplência do consumidor, com base nos dados do Banco Central, correspondia a 6% dos créditos a receber. Para março deste ano, ele projeta um índice maior, de 7,9%.

Líderes. Os segmentos que encabeçam a lista dos itens mais desejados para compra neste trimestre são exatamente aqueles nos quais o desembolso é menor. O primeiro do ranking é vestuário e calçados, com 15,4% das intenções de compra, seguido por viagens e turismo, com 12%. A linha branca, por exemplo, que inclui fogões, geladeiras e máquinas de lavar, e que no fim do ano passado foi beneficiada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que se estende até março, aparece na quarta posição com 9,6% das intenções, superada pelos materiais de construção (9,8%).

Felisoni destaca que dos 11 segmentos pesquisados, 8 registraram queda na intenção de compras neste trimestre em relação ao mesmo período de 2011. Houve alta só em veículos, cama, mesa e banho e linha branca.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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