Dólar ignora BC e sobe pelo segundo dia

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O pessimismo global voltou a pressionar o mercado doméstico, impondo uma forte queda na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) e detonando a escalada do dólar comercial pelo segundo dia consecutivo.

 

Nos Estados Unidos, a forte queda de 2,8% nos preços no atacado em outubro, acima da previsão dos analistas de 1,8% de baixa, reforçou os sinais de que uma recessão está a caminho. O discurso do presidente do Tesouro, Henry Paulson, afirmando que a crise financeira já se estendeu para outros setores da economia e que irá levar tempo para que o crédito seja reestabelecido, contribuiu para azedar o ânimo dos investidores. E, para colocar mais pressão sobre o dólar, o preço do barril de petróleo WTI, negociado no pregão de Nova York, cedeu 1,1% para US$ 54,33, abaixo de US$ 55.

 

Mais um dia de alta

 

Em sessão marcada pela volatilidade, o Ibovespa caiu 4,54% e o dólar comercial avançou 2%, para R$ 2,327 na venda. A moeda norte-americana fechou a sessão em alta pelo segundo dia seguido, ignorando as intervenções do Banco Central (BC).

 

A autoridade monetária atuou no mercado por meio de dois leilões de swap cambial, onde foram ofertados US$ 1,8 bilhão, e um leilão para fornecer linhas de crédito aos exportadores via Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC).

 

"O dólar está completamente sem rumo. Quem está posicionado tanto em posições compradas como vendidas está atuando de maneira irresponsável", afirma o economista de uma corretora de câmbio sob anonimato.

 

Para o analista da corretora Socopa, Paulo Fujisaki, as intervenções do BC via leilões no mercado futuro ajudam a reduzir a volatilidade no câmbio e segurar oscilações mais bruscas da moeda.

 

"O BC atua no futuro, alivia e pronto. Mas, do modo como está agindo, não coloca efetivamente os dólares no mercado. O que faz é não deixar o mercado cair em desespero", avalia Fujisaki.

 

Segundo o analista, diante do quadro de incertezas, as projeções de que o dólar fecharia o ano abaixo de R$ 2 se distancia cada vez mais. "Não há indícios de que a crise vai aliviar até o final de dezembro. O pânico passou, mas os problemas com os créditos subprime e a economia real continuam", diz, prevendo o dólar em torno de R$ 2,10 no término do ano.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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