BC acena com redução dos juros para 9%

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Banco Central indica que vai parar de baixar os juros quando taxa de referência do país se aproximar de piso histórico

Comunicado tira peso das costas de Dilma ao postergar necessidade de mexer na poupança durante o ano eleitoral

O Banco Central avisou ontem que o fim do ciclo de redução dos juros está próximo e deverá ocorrer quando a taxa Selic, referência para definir o custo dos empréstimos no país, se aproximar de 8,75% ao ano.

A taxa é de 9,75% hoje e pode chegar a 9% se for aprovado outro corte de 0,75 ponto porcentual em abril, quando os diretores do BC voltarão a se reunir para analisar a conjuntura econômica.

O recado foi dado ontem com a divulgação da ata da última reunião do Copom, o comitê do BC que define a trajetória dos juros no país, que se reuniu pela última vez na semana passada.

"O Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando", diz o documento.

O valor mais baixo da Selic nas últimas décadas foi de 8,75% ao ano, mantido entre julho de 2009 e abril de 2010, durante o governo Lula, quando o BC era comandado por Henrique Meirelles.

O texto da ata divulgada ontem indica que esse patamar não chegará a ser atingido, e o BC deverá manter a taxa estável em 9% neste ano.

O tom do comunicado gerou reações distintas dentro do Palácio do Planalto. Assessores da presidente Dilma Rousseff que gostariam de ver a taxa de juros caindo mais se disseram frustrados.

Por outro lado, o comunicado tirou um peso das costas da presidente ao postergar a necessidade de mudar as regras de correção da caderneta de poupança, um debate incômodo para o governo num ano eleitoral.

Nos cálculos do governo, para os juros caírem para 8% ao ano ou menos, seria necessário mexer no rendimento da poupança, que hoje garante aos poupadores ganho mínimo de 6% ao ano.

Se os juros se aproximarem desse patamar, fundos de investimento e títulos do governo perderão a atratividade e os investidores poderão migrar para a caderneta de poupança, criando dificuldades para os bancos e o governo.

Na ata, os diretores do BC deixam aberta a possibilidade de novo corte em abril na velocidade atual, de 0,75 ponto percentual. É o que sugere a análise de vários fatores destacados no documento.

Na avaliação do BC, a inflação segue em queda neste início de ano, a economia brasileira desacelerou no final de 2011 mais do que esperado pelo governo e a retomada será moderada.

Além disso, a redução dos gastos públicos ajudará a diminuir o descompasso entre a produção e o consumo, e o cenário internacional continuará contribuindo para desinflacionar a economia.


Veículo: Folha de S.Paulo


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