Dólar preocupa importadores que preparam o Natal de 2012

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Apesar dos investimentos que shoppings e outros empreendimentos no varejo brasileiro planejam para o fim do ano, o Natal de 2012 corre o risco de ficar mais apagado este ano, no quesito decoração, luzes e outros enfeites característicos da época. Os importadores de decorações natalinas já sentem no bolso os efeitos da alta cambial e temem que a variação brusca da taxa do dólar possa diminuir suas receitas.

Para Nicola Adachi Régis, diretor-comercial da Stillux, empresa especializada em iluminação comercial, o risco de ter um prejuízo com a variação cambial é grande. Ele está em fase de fechamento de contratos e trabalha com o dólar no valor de hoje. Se a cotação diminuir até a entrega dos produtos, seus lucros são diretamente afetados. "Os contratos de Natal são necessariamente fechados com muita antecedência e já estamos sentindo as consequências desse valor tão alto do dólar", comenta o diretor.

A Stillux tem entre seus clientes redes varejistas como Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar, mas ainda está em fase de negociação para os projetos de Natal que fará este ano. Durante a Christmas Fair, feira profissional voltada para a decoração de final de ano, e que foi encerrada na última segunda-feira, a marca fechou cerca de 50 pedidos, movimentando aproximadamente R$ 800 mil. Mas, para Régis, o valor alcançado poderia ter sido muito maior.

"A movimentação na feira este ano está bem pior. Acredito que alguns clientes estão tentando esperar e comprar mais pra frente, provavelmente na Natal Show, feira que acontece no próximo mês. Muitas pessoas vieram perguntar se nós vamos estar lá para poderem adiar um pouco os pedidos", comenta Régis.

Na visão de Tarso Jordão, diretor-presidente da Grafite Feiras e Promoções, empresa responsável pela Christmas Fair, a visitação da feira foi boa, contando inclusive com a presença de empresários de todos os estados brasileiros. "O mercado de Natal no Brasil é contido e constante, apresentando uma frequência e eventual crescimento físico na casa de 5 ou 6 % ao ano. Posso dizer que a movimentação da feira este ano ficou na casa de 8 mil clientes", diz Jordão. Segundo dados da própria Christmas Fair, no ano passado foram mais de 12 mil visitantes e em 2012 era previsto um crescimento de 3 a 4% da visitação qualificada.

Sobre a variação do dólar, Jordão salienta que o Natal brasileiro é baseado nos artigos importados. Os produtos são oriundos de países asiáticos, principalmente China, Tailândia e Filipinas. "A feira acontece neste momento por uma questão de logística. Como é muito artesanal e importado, é necessário comprar, esperar fabricar, colocar no navio, mandar para cá, para então receber e poder despachar para as lojas. Quem compra agora recebe em setembro ou outubro", explica o diretor.

Jordão ainda acredita que os centros comerciais devem apostar na decoração natalina, podendo esperar grande compensação financeira. "É um tipo de investimento que tem retorno imediato. Um shopping que faz decoração de Natal, além de atrair o visitante, cria o hábito de uso do local, estimulando muito as compras", como argumenta.

Diferenciais

Enquanto os importadores de enfeites tradicionais de Natal se preocupam com a situação cambial, outras empresas correm por fora e se destacam produzindo materiais específicos e exclusivos. É o caso da Laços Gigantes, que comercializa apenas laços de grandes proporções para decoração. "Trouxemos o know-how da Austrália. Fizemos isso lá por cinco anos e começamos no Brasil em agosto de 2011", conta Henry Yamada, diretor da empresa.

"Começamos a divulgação de nossos produtos em concessionárias, que faziam a decoração do estabelecimento, mas começamos também a vender para pessoas físicas que vão dar um carro de presente", conta Yamada.

Observando uma grande demanda de laços para os enfeites de Natal, ele resolveu participar da Christmas Fair para fazer contatos e divulgar sua marca. "Não temos concorrência. Somos a única empresa especializada em laços e quem precisar de um certamente virá falar conosco. Não paramos desde o início do ano. Tivemos muitas encomendas para o Dia das Mães e agora as expectativas para o Natal são maiores ainda", diz o diretor.

Quem também procura se diferenciar neste meio é a marca Kazari Atelier e Interiores, que elabora projetos de caráter artístico e sustentável. São decorações feitas a partir de materias que teriam como destino o lixo, como garrafas, embalagens plásticas, madeira e fibras.

"Já tivemos como clientes o Pão de Açúcar, Novotel Morumbi, Sem Parar Via Fácil e outras lojas e empresas que procuram uma decoração sustentável. Para o Natal deste ano ainda estamos em negociação e pretendemos fechar os contratos até junho", conta Marina Yoshiura, uma das criadoras da marca.



Veículo: DCI


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